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OPAS alerta Brasil: "Medidas de proteção contra covid-19 não podem ser afrouxadas"

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Pessoas usam máscaras de proteção em prevenção à covid-19 enquanto circulam pelo bairro da Liberdade, no centro da cidade de São Paulo
Pessoas usam máscaras de proteção em prevenção à covid-19 enquanto circulam pelo bairro da Liberdade, no centro da cidade de São Paulo

Embora a vacinação contra covid-19 esteja avançando nas cidades brasileiras, a população não pode afrouxar as medidas de proteção, especialmente o uso de máscaras e o distanciamento social. A afirmação é de Jarbas Barbosa, vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), agência internacional especializada em saúde pública das Américas. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, ele ressaltou que, por mais que estejam em aparente queda, os números de casos, internações e mortes ainda são muito elevados no país.

"O Brasil e outros países da América Latina apresentam uma redução positiva, mas o patamar ainda é muito elevado. A taxa de mil mortes por dia é melhor que a de 4 mil, mas mil mortes por dia é um número muito elevado. Não se pode baixar a guarda achando que a guerra foi vencida. Existem as variantes, existe muita gente não vacinada. Precisa fazer uma reabertura de atividades com muito cuidado e monitoramento para evitar ter que voltar atrás depois", explicou.

"O mundo precisa, para que consiga superar a pandemia, vacinar mais, principalmente nos países em desenvolvimento, e manter as medidas de proteção. A orientação não é 'vacinei, posso deixar de usar máscara'. Se vacinou, ótimo, mas, enquanto houver uma transmissão forte na cidade em que você vive, continue usando máscara. A vacina, e não só as da covid-19, não protege 100% das pessoas", completou o diretor da OPAS.

O Brasil registrou 948 mortes causadas pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas. A informação foi divulgada pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) em boletim publicado neste domingo (18). Segundo os dados coletados até hoje, o país contabiliza 542.214 óbitos desde o início da pandemia.

Em relação aos casos, houve 34.126 novos diagnósticos da doença desde o boletim da véspera. Assim, chegamos a 19.376.574 casos acumulados desde o início da contabilização.

Barbosa citou como exemplo algumas regiões dos Estados Unidos que voltaram a obrigar o uso de máscaras em espaços públicos poucos meses depois de desobrigar e observar um novo aumento nos casos e óbitos.

"No geral, mundialmente, estamos bem melhores que há seis meses. Em vários países que alcançaram uma elevada cobertura vacinal, o número de mortes diárias são as menores já registradas. Algumas grandes cidades já passam um ou dois dias sem nenhuma morte, o que era inconcebível um ano atrás. Mas estamos no meio da guerra."

"Esses dados positivos devem ser usados para que os governos vacinem mais e as pessoas mantenham os cuidados. A batalha só será vencida se continuarmos no mesmo ritmo. Com isso, podemos pensar que no final do ano poderemos ter uma situação mais tranquila. Mas repito: só chegaremos lá se insistirmos nas vacinas e nos cuidados. Senão, todo o esforço poderá ser perdido."

Terceira dose?

O vice-diretor da OPAS comentou ainda a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a realização de estudo clínico para aplicação de uma terceira dose da vacina AstraZeneca em voluntários que receberam as duas doses iniciais. Ele acredita que a autorização para novas pesquisas é benéfica, mas que o foco do momento deve continuar sendo a conclusão das duas primeiras doses.

"É muito importante fazer estudos. A covid-19 é uma doença nova. Até aqui, os estudos demonstram que a imunidade produzida pelas vacinas persiste por pelo menos seis meses. Mas é importante debater se algumas pessoas precisariam de uma terceira dose. Aqui nos Estados Unidos há esse debate em relação a pessoas imunocomprometidas."

"Agora, enquanto esse debate é feito, é importante usar bem as vacinas disponíveis para vacinar todo mundo. Recomendamos que, antes de debater terceira dose, vamos dar a primeira e a segunda em quem precisa. Quando olhamos os números com segunda dose no Brasil e na América Latina vemos que ainda está muito abaixo do que precisamos."

ENTREVISTA COMPLETA AQUI: