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Tarcísio: greve dos caminhoneiros não deve ser "de grande porte"

Datena

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse nesta quarta-feira (27) em entrevista à Rádio Bandeirantes que não acredita que a greve dos caminhoneiros prevista para acontecer no dia 1º de novembro terá grande adesão, como ocorreu em 2018. De acordo com ele, o governo está em contato constante com líderes da categoria que garantiram que não irão se envolver com o movimento, incluindo os tanqueiros, responsáveis pelo transporte de combustíveis.

"Tenho mantido contato todos os dias com uma série de lideranças. A categoria é difusa, a questão da representatividade é difícil de entender. Muita gente que chama o movimento e tem espaço, não tem representatividade, não agrega a categoria. Às vezes um suposto líder diz que vai parar, aí falamos com outro que diz que não vai. Não é o primeiro movimento que enfrentamos. Essa é a 16ª tentativa desde 2019. As outras 15 conseguimos evitar na base da conversa", declarou o ministro.

"É possível que haja movimentos fragmentados, mas não acredito em nada de grande porte. Ontem tivemos uma reunião interessante com tanqueiros e saímos confiantes da não-adesão deles. Isso é importante para o abastecimento. Teremos conversas também com outras lideranças importantes, sempre tentando construir uma solução. Estou bastante confiante que passaremos e será similar a fevereiro, quando houve ações isoladas, rapidamente contornadas. Tenho certeza que não teremos transtornos à sociedade", completou.

Diferentes grupos de caminhoneiros se reuniram em 16 de outubro e decidiram que entrariam em greve no próximo dia 1º caso o governo do presidente Jair Bolsonaro não atenda suas reivindicações, especialmente a queda no preço do diesel.

No dia 21, o presidente indicou que pagaria um auxílio para caminhoneiros autônomos, mas não detalhou a origem dos recursos que bancariam o benefício. Dias depois, no entanto, o governo cancelou uma reunião que aconteceria em Brasília com representantes da categoria, encontro que poderia fechar acordos para afastar a possibilidade de paralisação.

Tarcísio afirmou ainda que os caminhoneiros já tiveram uma "série de conquistas" junto ao governo "apenas na base do diálogo", citando as mudanças nas regras das pesagens, a incorporação de pontos de parada e descanso como obrigação de concessionárias e a extensão do prazo da carteira de motorista.

"Sabemos que a categoria vive uma situação difícil, principalmente pela alta do combustível. É difícil para todo brasileiro, isso interfere na vida de todos, todos sentem a perda de poder aquisitivo. Só que não existe solução fácil para problemas complexos. Os problemas complexos têm soluções complexas."

"Não adianta vir à mesa com coisas que não vão funcionar. Temos uma abordagem mais dura que é mais realista. Mostramos as coisas como elas são. Mostramos que, se eles não se organizarem, não aprenderem a ter um pensamento mais empresarial na questão do transporte, terão dificuldade."

"Diesel não deveria ser problema"

O ministro explicou a afirmação alegando que os caminhoneiros precisam passar por um processo de "treinamento e conscientização" para que aprendam a encarar o ramo do transporte como um mercado como qualquer outro.

"Eu tenho sido firme quando falo isso. Se o caminhoneiro não se organizar e aprender a cobrar um valor justo, vai ter dificuldade de sobreviver (...). Algumas classes, como cegonheiros e tanqueiros, adquiriram poder de barganha, não têm tantas dificuldades, aprenderam a cobrar valores mais justos."

"O preço do diesel não deveria ser problema. Se a farinha de trigo sobe no mercado, por exemplo, o padeiro aumenta o preço do pão francês. Agora, com o diesel, o caminhoneiro tem dificuldade de repassar ao custo. É isso que precisamos mostrar para que aprendam a fazer, se organizem para trabalhar em cooperativa e aumentem o poder de barganha com os contratantes."

ENTREVISTA COMPLETA AQUI: