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Temer sugere criação de fundo na Petrobras para frear aumento no diesel e evitar greve

Datena

O ex-presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira (28) à Rádio Bandeirantes que o presidente Jair Bolsonaro deveria propor um acordo com os caminhoneiros para evitar a greve prevista para acontecer no dia 1º de novembro. De acordo com ele, cujo governo enfrentou uma grande paralisação nacional da categoria em 2018, a criação de um fundo estabilizador de preços dos combustíveis dentro da própria Petrobras poderia frear os constantes aumentos no diesel e, consequentemente, impedir novas manifestações.

"Eu não pude fazer no meu governo de 2 anos e meio, mas tenho proposto que a Petrobras e o setor econômico do governo examinem a hipótese de fazer uma espécie de fundo para despesas financeiras da própria Petrobras. De onde viriam os recursos? Dos dividendos que são pagos ao poder público e ao setor privado para hipóteses dessa natureza", explicou.

"Ou seja, como a variação do combustível leva em conta os preços internacionais, em um primeiro momento, se tiver um fundo para as despesas, não precisaria aumentar o diesel. Vai usando os valores do fundo. Não estamos falando em centavos, mas em bilhões. Quem sabe assim evitaríamos o tumulto que eventualmente a greve pode acarretar. O governo deveria pensar nisso, mandar estudar para ver se é possível", completou Temer.

Diferentes grupos de caminhoneiros se reuniram em 16 de outubro e decidiram que entrariam em greve no próximo dia 1º caso o governo federal não atenda suas reivindicações, especialmente a queda no preço do diesel.

No dia 21, o presidente indicou que pagaria um auxílio para caminhoneiros autônomos, mas não detalhou a origem dos recursos que bancariam o benefício. Dias depois, no entanto, o governo cancelou uma reunião que aconteceria em Brasília com representantes da categoria, encontro que poderia fechar acordos para afastar a possibilidade de paralisação.

Ontem (27), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou ao blog que não acredita que a greve será "de grande porte" e ressaltou que "problemas complexos não podem ter soluções fáceis", fazendo referência à alta nos combustíveis.

"O ministro Tarcísio tem uma capacidade extraordinária de diálogo. Ele trabalhou comigo no programa de PPI, sempre dialogou muito e tenho certeza que continuará. Com esse diálogo e um eventual acordo, ele vai evitar [a greve]. Isso é útil para o país e útil para os caminhoneiros. Eles querem continuar trabalhando, ter condições de sobreviver", concluiu Temer.

Paulo Guedes e teto de gastos

O ex-presidente comentou ainda as declarações controversas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sugerindo que o governo poderia furar o teto de gastos para financiar o Auxílio Brasil, programa substituto do Bolsa Família.

Segundo Temer, responsável por formular a tese do teto em 2016, a discussão não é necessária, já que o próprio projeto possui um dispositivo que permite à União utilizar créditos extraordinários em caso de calamidade pública.

"Neste momento de pandemia, temos que compatibilizar as ideias do mercado com a miserabilidade. Vemos imagens de pessoas procurando ossos para se alimentar. A miséria é absoluta, a situação é calamitosa, juridicamente estamos em um sistema de calamidade pública. Por isso tenho sido insistente em mostrar que não precisa alterar o teto."

"O teto de gastos foi uma maneira de conter o desastre econômico, de o governo não gastar mais do que ganha (...). Por outro lado, se temos responsabilidade fiscal, temos responsabilidade social. Nós já prevíamos que, na hipótese de calamidade pública, usaríamos créditos extraordinários. Ora, pandemia é calamidade. Você pode aplicar esse dispositivo, dar mais dinheiro aos vulneráveis com o Auxílio Brasil ou algo dessa natureza, mantendo o teto, a responsabilidade fiscal, o que é importante para o mercado interno e externo. Não precisa dessa discussão enorme que gera instabilidade."

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