Após tragédia em Recife, em Pernambuco, moradores do Morro da Kibom, na Vila Humaitá, em Santo André, sofrem com risco e o medo de deslizamentos de terra causados pelas chuvas em dezembro do ano passado.
Obras para regularização do sistema de água e esgoto deveriam ter começado, mas enxurradas atrasaram o projeto, que só foi iniciado no mê passado.
Segundo o secretário de habitação de Santo André, Rafael Dalla Rosa, ele entrou na Justiça para que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) entrasse na comunidade para realizar a instalação de água e esgoto.
Mesmo assim, moradores afirmam que o problema está longe de ser resolvido. "Toda hora é enchente. É muro que cai, casa, telhado que desaba", disse Roberto Carreira, catador de recicláveis e morador da comunidade.
Na comunidade, há esgoto ao ar livre há mais de 8 meses, contribuindo para os deslizamentos quando chove, segundo relatos de moradores.
Jennifer Castro, autônoma, relata o seu sofrimento e de seus vizinhos. "É difícil ver as pessoas sofrendo com alagamento, perdendo suas coisas pela chuva".
Segundo levantamento da Band, Santo André é a cidade do ABC com mais propriedades em áreas de risco de deslizamentos -- são 9.245 nessa situação. São Bernardo do Campo e Guarulhos surgem na sequência, com 7 mil e 5,7 mil, respectivamente.
No total, a Região Metropolitana de São Paulo tem mais de 45 mil imóveis em situação de risco. Os dados são da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, em parceria com a Defesa Civil do Estado.
Casas da comunidade chegam a ser interditadas devido ao risco de deslizamentos, e moradores recebem o aluguel social da prefeitura local. No entanto, com uma quantia considerada baixa, eles acabam retornando para o morro.
O aluguel social é pago em três parcelas mensais de R$ 465. "Temos muitas famílias que migram de outras cidades para a nossa. Com isso, fica difícil pagar aluguel para todo mundo. Se aumenta muito tem um gasto significativo nos cofres públicos", afirmou o secretário de habitação.
Em nota, a Defesa Civil do Estado de São Paulo afirma que cabe aos municípios "vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a intervenção preventiva e a evacuação da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis".
Já a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de Santo André, afirma que atua desde 2020, em parceria com a Defesa Civil para mapeamentos de áreas de risco.