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Bolsonaro citou nas redes 129 vezes remédios sem eficácia desde começo da pandemia

Postagens do presidente tiveram mais de 27 milhões de interações no Instagram, Facebook e Twitter

Alexandre Bazzan

O presidente Jair Bolsonaro postou 129 vezes sobre medicamentos sem eficácia comprovada em suas redes sociais desde o início da pandemia. Somadas, as publicações tiveram mais de 27 milhões de interações.  

O levantamento feito pelo band.com.br buscou todas as vezes que o presidente mencionou as palavras cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectnia no Facebook, Instagram e Twitter.  

Nas postagens, Bolsonaro defende o uso dos medicamentos e presta contas de compras e distribuição. O levantamento engloba o período entre janeiro de 2020 até 5 de maio de 2021.  

A publicação com mais interações foi feita no Instagram, com 1,17 milhões de curtidas e 81 mil comentários, em 8 de julho de 2020. O mesmo conteúdo também foi o mais popular no Facebook, com 842 mil curtidas, 163 mil comentários e 100 mil compartilhamentos. Na publicação, o presidente critica medidas de isolamento social de governadores e prefeitos, fala sobre medidas econômicas tomadas por ele e defende a hidroxicloroquina.

No Twitter, o post com mais interações teve 21 mil respostas, 25 mil retuítes e 79 mil curtidas. A publicação feita em 8 de junho de 2020 tem ataques à OMS e também cita a hidroxicloroquina.

Recentemente, o presidente teve cinco de suas lives semanais removidas pelo YouTube por desinformação sobre a pandemia. Desses vídeos, três seguem disponíveis no Facebook e foram visualizados 2,1 milhões de vezes somente na rede social de Mark Zuckerberg.  

CPI foca em medicamentos sem eficácia  

O plano de trabalho divulgado pela CPI da Pandemia cita como um dos alvos da investigação a "produção e distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada (cloroquina) e definição de protocolo para adoção de “tratamento precoce”, inclusive com constrangimento para sua adoção".  

A cloroquina já foi citada nos dois depoimentos realizados até agora, com os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.  

Mandetta disse que o presidente tinha um assessoramento paralelo feito por Carlos Bolsonaro e médicos defensores do tratamento precoce. Ele também falou sobre uma reunião em que um documento faria a sugestão de mudança da bula da hidroxicloroquina por meio de decreto. O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, teria rejeitado a sugestão de Bolsonaro.  

Teich afirmou que a pressão para recomendar a cloroquina seria um dos motivos centrais para a sua saída do Ministério da Saúde.  

Ele contou em depoimento para a CPI que não foi consultado sobre a produção e distribuição do remédio, mas que Bolsonaro falou publicamente em diversas ocasiões de que insistiria na ampliação do uso da droga para o tratamento da Covid-19.  

Estudos já mostraram a ineficácia desses remédios contra o coronavírus, mas o presidente segue promovendo os medicamentos.  

Nesta quarta-feira, enquanto os senadores ouviam Teich, Bolsonaro disse em um discurso que a CPI deveria convocar defensores do tratamento precoce e voltou a defender a hidroxicloroquina.  

Os senadores devem sabatinar nesta quinta-feira o atual ministro Marcelo Queiroga e o presidente da Anvisa Antonio Barra Torres. Foram convocados ainda o ex-chanceler Ernesto Araújo, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, e representantes do laboratório Pfizer. 

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