Bolsonaro deve devolver segundo kit de joias dado por sauditas, dizem aliados

Informação exclusiva apurada pela Band destaca que Bolsonaro alegará confusão ao interpretar norma que regulamenta presentes aos presidentes

Da redação com Band Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve devolver o segundo estojo de joias, presentes dados pela Arábia Saudita. A informação dada, com exclusividade, ao repórter Túlio Amâncio, da Band Brasília, na tarde desta quinta-feira (9).

Quem comentou a possibilidade da devolução foram aliados de Bolsonaro. O estojo em questão, recebido pelo presidente, conforme indicam documentos, é avaliado em R$ 400 mil. As peças são de uma marca suíça de luxo.

Segundo os interlocutores bolsonaristas, o ex-presidente deve alegar que houve uma confusão na interpretação do que regulamenta os presentes recebidos pelos chefes de Estado brasileiros. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), apenas presentes de caráter personalíssimo (perfumes, camisas e afins) podem ficar com os mandatários.

Na mira da Receita Federal

Esse outro lote de presentes sauditas enviados a Bolsonaro também está na mira de investigações. A Receita Federal informou que tomará providências cabíveis por suposta falta de declaração e falta de pagamento de tributos sobre itens de luxo trazidos ao Brasil.

“O fato [ingresso dos presentes sauditas no Brasil sem a devida declaração] pode configurar, em tese, violação da legislação aduaneira também pelo outro viajante, por falta de declaração e recolhimento dos tributos”, informou a Receita Federal.

Na caixa envaida a Bolsonaro e que não foi apreendida, havia um objeto similar a um rosário, um relógio com pulseira de couro, um par de abotoaduras, uma caneta e um anel. Um recibo datado de novembro de 2022 confirma a chegada dos bens.

Band teve acesso a documento

O caso das joias de R$ 16 milhões foi revelado pelo jornal O Estado de São Paulo. A Band teve acesso a um documento que mostra que, no dia 26 de outubro de 2021, um assessor do então ministro Bento Albuquerque, na época à frente da pasta de Minas e Energia, voltou de uma viagem oficial à Doha com as joias dentro da mala. O servidor é Marcos André Soeiro.

Em entrevista ao Estadão, Bento Albuquerque confirmou que tentou liberar os diamantes na alfândega, mas não conseguiu.

“A comitiva não sabia o que que tinha dentro daquelas caixas. Eram presentes oficiais do governo da Arábia Saudita e veio, assim, como presente oficial”, disse o ex-ministro.

Uso de militares?

Bolsonaro também teria tentado recuperar as pedras preciosas pelo menos quatro vezes. Segundo a reportagem do Estadão, o ex-presidente envolveu o próprio gabinete, que enviou um ofício à Receita Federal.

Bolsonaro também teria acionado militares e os ministérios da Economia e Relações Exteriores. A última tentativa foi em 29 de dezembro, a três dias para o fim do mandato dele.

O que dizem Michelle e Bolsonaro

Pela internet, a ex-primeira-dama Michelle ironizou as acusações, de maneira a negar que tivesse conhecimento das joias.

Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu deus! Vocês vão longe mesmo hein?!

Deputados que conversaram com Bolsonaro disseram que ele nega qualquer ilegalidade. Para a CNN, o ex-presidente afirmou não pediu nem recebeu o presente e que as joias seriam inseridas no acervo público da presidência da República.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais