A Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito sobre a morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, de 32 anos, que foi encontrada morta na casa onde morava, em Manaus, no final do mês de maio. Segundo as investigações, a família planejava criar uma comunidade, ampliar o grupo religioso e fazer uso de cetamina de maneira indiscriminada.
A mãe e o irmão de Djidja Cardoso vão ser indiciados por tortura com resultado de morte, tráfico de drogas e outros 12 crimes. No total, 11 pessoas foram indiciadas no caso, incluindo funcionários do salão de beleza que pertence à família.
Em coletiva de imprensa, o delegado Cícero Túlio relatou que o inquérito policial comprovou a existência de uma seita religiosa fundada pela família Cardoso, com o objetivo de induzir funcionários dos salões de beleza ao uso de substâncias de uso veterinário, como ketamina e potenay.
“Durante as investigações, foi possível identificar que Cleusimar Cardoso, Ademar Cardoso e Djidja Cardoso, com o auxílio do ex-namorado de Djidja, Bruno Rodrigues, e dos funcionários Claudiele Santos da Silva, Verônica da Costa Seixas, e Marlisson Vasconcelos Dantas, operavam o esquema criminoso, promovendo a realização de cultos religiosos com a utilização de entorpecentes”, disse o delegado.
Segundo a Polícia Civil do Amazonas, o grupo criminoso pretendia montar uma clínica veterinária para facilitar o acesso e a compra de medicamentos de uso controlado, bem como fundar uma comunidade para manter os trabalhos doutrinários da seita.
Em dado momento, Djidja passou a ser vítima de tortura praticada por sua própria mãe, Cleusimar. Ela faleceu no dia 28 de maio, por depressão cardiorrespiratória, segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
“Ainda entre os indiciados está o indivíduo identificado como Emicley, que teria auxiliado na dissimulação de provas durante as buscas realizadas em uma das clínicas veterinárias onde trabalhava, na primeira fase da Operação Mandrágora”, informou o titular do 1° DIP.
A polícia pediu a conversão da prisão temporária em preventiva de Bruno Rodrigues, ex-namorado de Djidja. “Ele também integrava a seita religiosa, atuando como auxiliar durante as meditações. Foi por meio dele que a família conheceu Hatus, que serviu de ponte de ligação entre a família e um dos fornecedores, José Máximo. Hatus já utilizava substâncias usadas no ramo veterinário, facilitando a aquisição dos entorpecentes para que a família pudesse continuar com as atividades da seita”, comentou o Cícero Túlio.
O grupo responderá pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, perigo para a vida ou saúde de outrem, falsificação, adulteração ou corrupção de produtos destinados a fins terapêuticos, ou medicinais, aborto provocado sem consentimento da vítima, estupro de vulnerável, charlatanismo, curandeirismo, sequestro e cárcere privado, constrangimento ilegal, favorecimento pessoal, favorecimento real, exercício ilegal da medicina e tortura com resultado morte.