O sistema ambiental e sociocultural de práticas tradicionais da erva-mate pode se tornar o primeiro bem a ser registrado como patrimônio cultural de natureza imaterial do Rio Grande do Sul. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) apresentou parecer técnico para a apreciação da Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial (CTPCI).
O processo de instrução e indicação para registro contém mais de 700 páginas com pesquisas sobre o tema, estudo feito nos últimos anos. A produção de derivados da erva-mate tem toque indígena, quilombola e pequenos agricultores.
“A erva-mate é reconhecida como árvore símbolo do Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que se constitui historicamente um bem cultural que possui um circuito de produção, circulação e reprodução para além da esfera estadual”, argumentou o diretor do Iphae, Renato Savoldi.
Conceito imaterial
A designação “patrimônio cultural” tem o objetivo de perpetuar a relevância de bens culturais. No caso de bens materiais – como conjuntos arquitetônicos, jardins, obras de arte – ocorre o tombamento. Quando se trata de bens de natureza imaterial, tem-se o registro.
Segundo o diretor do Iphae, o conceito de bem imaterial é mais abrangente: são manifestações culturais que possuem representatividade para um grupo social. Pode ser um dialeto, idioma, atividade culinária, festa popular, rito religioso, saber ou modo de fazer.
São vários os elementos culturais que, não necessariamente, precisam de uma materialidade, mas fazem referência à identidade, à ação e à memória de grupos sociais e étnicos.