O Ministério Público do Rio de Janeiro, com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), cumpre 12 mandados de prisão e oito de busca e apreensão contra integrantes de uma milícia que atua na comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, em Jacarepaguá. Entre os alvos estão policiais.
O Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou à Justiça 16 pessoas por associação criminosa, extorsão a comerciantes, empreendedores, vendedores ambulantes e mototaxistas, bem como corrupção ativa.
Entre os denunciados na operação Naufrágio estão um policial civil e dois policiais militares. Na denúncia, o Gaeco aponta a estreita relação existente entre os integrantes do grupo criminoso e os policiais. A ação conta com o apoio da Corregedoria Geral da Polícia Militar, da Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL), da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) e da DC-Polinter.
Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa e estão sendo cumpridos em diversos endereços do Rio de Janeiro. Foi determinada a suspensão das funções públicas dos policiais militares e do policial civil. Também foram determinados o sequestro de bens e o bloqueio de valores das contas dos denunciados, além de outras medidas cautelares.
Segundo o Gaeco/MPRJ, o grupo criminoso mantinha envolvimento com PMs para que fornecessem informações privilegiadas. A relação com policiais civis servia para que não fossem “incomodados” na realização de suas atividades criminosas, com investigações e eventuais prisões em flagrante, mediante pagamento de valores indevidos, de forma periódica.
Além disso, os agentes de segurança forneciam material bélico (desviados de apreensões) e até uniformes aos criminosos.
A partir dos dados levantados pelo Gaeco/MPRJ, verificou-se uma extensa rede criminosa, com diversos áudios determinando aos associados e subordinados cobranças de taxas, compra de material bélico, dentre outras atividades, incluindo pagamento de propina a policiais militares e civis.
Um dos denunciados, que inclusive exercia função de liderança na milícia da Comunidade Bateau Mouche até o final do ano de 2021, foi desligado do grupo criminoso e passou a fazer parte da “Milícia do Zinho”, que atua em outras localidades da Zona Oeste.
Também entre os denunciados pelo Gaeco/MPRJ há um homem que já foi preso temporariamente, por indícios de envolvimento com a prática de um delito de homicídio em 2017, em São Gonçalo, e atualmente se faz passar por policial civil, permanecendo no interior de delegacias policiais, utilizando arma, uniforme e distintivo, além de participar de operações em viatura oficial.
O denunciado tem contatos com diversas unidades policiais e, inclusive, nos quadros da Corregedoria da corporação.
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