RJ registra mais de 17 mil casos de dengue este ano; duas pessoas morreram

Dos 92 municípios do estado do Rio, 14 estão com taxa de incidência acima de 500 casos por 100 mil habitantes. Doença avança mais em cidades menores e nas mais próximas de MG e SP

Da Redação

RJ registra mais de 17 mil casos de dengue este ano; duas pessoas morreram
Agente de saúde do RJ com tubo com larva do mosquito que transmite dengue e outras doenças
REUTERS/Ricardo Moraes

Nas quatro primeiras semanas de 2024, o Rio de Janeiro registrou duas mortes por dengue no estado. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), as vítimas são: uma idosa, de 98 anos, em Itatiaia, na região serrana; e de um homem de 33 anos, em Mangaratiba, na Costa Verde.

O Rio de Janeiro já registrou 17.437 casos prováveis de dengue nas primeiras semanas do ano. Para efeitos de comparação, no mesmo período do ano passado foram 1.441 casos. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (31) no boletim Panorama da Dengue, da SES-RJ. 

Dos 92 municípios do estado, 14 estão com taxa de incidência acima de 500 casos por 100 mil habitantes. A doença avança com mais velocidade em cidades menores e nas mais próximas aos estados de Minas Gerais e São Paulo. Na região serrana, o número de casos está 14 vezes acima do esperado para o período e, na Região Metropolitana, dez vezes maior. Na Baía de Ilha Grande e no Centro-Sul Fluminense, são nove vezes mais casos.

A taxa de positividade para dengue nos exames analisados pelo laboratório oficial do governo (Lacen) oscilou de 35% para 33%. Apenas na terceira semana epidemiológica do ano (de 14/01 a 20/01), foram processados 4.464 testes para a doença, mais do que em qualquer outra semana de 2023. 

Divulgado semanalmente pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da SES-RJ, o Panorama da Dengue avalia que a quantidade de casos pode ser ainda maior.

“Os números estão altos e ainda continuam subindo rapidamente. Historicamente, os casos costumam aumentar no fim do primeiro trimestre e caem a partir de maio, junho. Mesmo que a gente esteja diante de uma antecipação dessa curva de crescimento, o que indicaria uma possibilidade de a queda também acontecer mais cedo, os dados são um sinal de alerta. As pessoas devem evitar a automedicação e procurar atendimento médico aos primeiros sintomas, principalmente se apresentarem febre”, orienta a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.

Plano do RJ de combate à dengue

Na última sexta-feira (26), o governador Cláudio Castro e a secretária Claudia Mello lançaram o programa Gov.RJ contra a Dengue Todo Dia!, que envolve o uso de tecnologia, qualificação e apoio aos 92 municípios do estado. 

Em nota, o governo do Rio informou que comprou equipamentos e insumos que estão sendo distribuídos aos municípios com maior incidência de casos, para a montagem de até 80 salas de hidratação, que terão capacidade para atender, ao todo, até 8 mil pacientes por dia. O investimento é de R$ 3,7 milhões.

A Secretaria de Saúde está treinando 2.000 médicos de emergências e profissionais de saúde dos 92 municípios para garantir o diagnóstico mais preciso e o tratamento correto, como também a capacitação no atendimento às gestantes infectadas. Além disso, 160 leitos de nove hospitais de referência do estado poderão ser convertidos, inicialmente, para tratamento da dengue, como foi feito na Covid-19.

Vacina é esperança, não solução, diz Saúde 

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta quarta-feira (31), em Brasília, que a vacina contra a dengue significa esperança diante da explosão de casos da doença no país, mas não é a solução para o atual cenário epidemiológico em razão da quantidade do imunizante disponibilizada pelo laboratório fabricante – algo em torno de seis milhões de doses, o suficiente para imunizar três milhões de pessoas, já que o esquema vacinal completo é feito com duas doses.

“A vacina é nosso instrumento de esperança em relação a um problema de saúde pública que tem quase 40 anos. Finalmente, temos vacina. Temos que celebrar. Mas, a vacina, no quantitativo que o laboratório tem hoje para nos entregar e sendo uma vacina de duas doses, numa situação como a que vivemos hoje, não pode ser apontada como solução. Se o Ministério da Saúde fizesse isso, ele estaria errado. [A vacina] não pode ser apontada como solução para esse momento agora”, observou.

Controle dos focos

“Neste momento, agora, temos que lidar, principalmente, fazendo o controle dos focos e cuidando de quem adoece por dengue. Essas são as medidas. A vacinação vai seguir todos os critérios de prioridade que já divulgamos amplamente, definidos junto a estados e municípios, priorizando uma faixa da população. A faixa mais vulnerável é a população idosa, mas não temos vacina autorizada para essa faixa. Por isso eu digo: a vacina é um instrumento. Não é o único e não é o de maior impacto neste momento”, finalizou a ministra.

Entenda os sintomas da dengue

Dor de cabeça, dores musculares, enjoos... Esses sintomas são supercomuns no dia a dia. Às vezes, chega a pensar que está apenas com uma gripe, mas, quando chega ao médico, descobre que está com dengue.

Só nas três primeiras semanas deste ano, os casos de dengue quase triplicaram no Brasil. Além desse aumento preocupar, os médicos alertam para que os pacientes tenham o diagnóstico correto o quanto antes.

Os sinais são muito parecidos com os de uma gripe forte ou covid-19. Febre, dor de cabeça, dores no corpo, cansaço e mal-estar são sintomas comuns entre todas as doenças. A dengue, porém, também pode provocar dores nas articulações, manchas vermelhas no corpo, diarreia e dor nos olhos.

Sendo assim, é importante que, assim que perceber a mudança, é essencial procurar um médico o quanto antes e evitar a automedicação.

“Não se deve usar o composto de aspirina de muitas outras medicações utilizadas em sintomas gripais, o que pode causar uma exacerbação do risco por conta da resposta imunológica”, explicou o infectologista Juvência Furtado.
 

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