Tanto no Brasil como na Alemanha, o futebol é sem sombra de dúvidas o esporte nacional número um. O potencial do Brasil para produzir craques é considerado quase inesgotável – nenhum outro país exporta tantos profissionais para outros países, e em 2021 mais de 10 mil jogadores de futebol brasileiros ganharam dinheiro no exterior. Já a Federação Alemã de Futebol (DFB) tem mais de 7,3 milhões de membros – em nenhum outro país há tantas pessoas jogando futebol em clubes.
Por décadas, as duas nações deixaram sua marca no futebol internacional. Embora o último triunfo do Brasil em uma Copa do Mundo – em 2002, no Japão e na Coreia do Sul – tenha ocorrido há 21 anos, o país ainda pode se gabar de ser pentacampeão. A Alemanha vem em seguida, junto com a Itália, com quatro títulos.
No entanto, hoje em dia as coisas não estão indo nada bem para as seleções dos dois países.
Um ano ruim em 2023
Ambas as equipes encerraram sua campanha deste ano com derrotas em partidas de prestígio. O Brasil perdeu por 1 x 0 para a arquirrival, a campeã mundial Argentina, no Rio de Janeiro, a primeira derrota em casa em um jogo de qualificação para a Copa do Mundo, em uma partida ofuscada por tumultos nas arquibancadas do Estádio do Maracanã.
A equipe da Alemanha também perdeu: 0 x 2 em Viena, depois de outro desempenho ruim contra a vizinha Áustria. Quatro dias antes, a equipe do técnico Julian Nagelsmann havia perdido para a Turquia por 3 a 2 em Berlim.
Enquanto os alemães encerram 2023 com duas derrotas seguidas, os brasileiros tiveram três: antes da derrota contra os argentinos, eles haviam perdido para o Uruguai (0:2) e para a Colômbia (1:2) nas eliminatórias da Copa do Mundo. Só houve uma sequência mais longa de derrotas na história do futebol brasileiro: em 2001, a seleção perdeu quatro vezes seguidas.
Os resultados da campanha de 2023 são igualmente preocupantes para ambas as equipes. Mais da metade dos jogos foram derrotas. O Brasil perdeu cinco de seus nove jogos e a Alemanha, seis de onze partidas.
Ponto de virada em 2014
O início da crise para os alemães pode ser identificado com relativa precisão. Após o triunfo na Copa do Mundo de 2014 no Brasil, as coisas desandaram. Na Eurocopa de 2016 na França, o time parou nas semifinais, e na de 2021, nas oitavas. O cenário foi ainda pior na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, e na Copa do Mundo de 2022, no Catar, quando a seleção alemã foi humilhada e não passou da primeira fase.
Os brasileiros também parecem ter sofrido um golpe duradouro na Copa do Mundo que sediaram em 2014, na qual terminaram em quarto lugar após uma derrota histórica de 7 a 1 para a Alemanha na semifinal. A seleção estava bem cotada nas apostas, mas teve de fazer as malas após as quartas de final na Rússia e no Catar.
A difícil busca por um técnico
O que o Brasil e a Alemanha também têm em comum é a dificuldade para encontrar um técnico que leve seus times, no passado acostumados ao sucesso, de volta ao topo. Todos os especialistas concordam: não pode ser devido à falta de talento dos jogadores. Muitos atletas nacionais de ambos os países atuam nos principais clubes internacionais e mostram regularmente seu potencial em campo – mas não nas seleções nacionais, que atualmente têm defesas instáveis e ataques com baixo potencial de sucesso.
O técnico da seleção brasileira, Tite, que levou a equipe ao triunfo na Copa América em 2019, deixou o cargo no início de 2023. Como a Confederação Brasil de Futebol (CBF) ainda não havia encontrado um sucessor, o técnico da seleção sub-20, Ramon Menezes, assumiu o cargo para três partidas internacionais, duas das quais foram perdidas. Desde julho, Fernando Diniz, que já foi um bem-sucedido treinador de clube, está no comando da seleção. Mas essa não é a única coisa que Diniz tem em comum com o novo técnico do time alemão, Julian Nagelsmann, que assumiu o lugar de Hansi Flick, demitido em setembro.
Tanto Diniz quanto Nagelsmann assinaram contratos de curto prazo. Diniz foi contratado por um ano. De acordo com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, Carlo Ancelotti assumirá o cargo de novo técnico da seleção brasileira em meados de 2024. No entanto, o italiano ainda não confirmou isso, e até lá segue contratado pelo Real Madrid.
O contrato de Nagelsmann como técnico da seleção alemã foi inicialmente limitado apenas até o final da Eurocopa de 2024. Se a equipe alemã não conseguir voltar aos trilhos e também decepcionar na Eurocopa em casa, o técnico de 36 anos provavelmente terá que procurar um novo emprego no ano que vem – assim como Diniz no Brasil.
Autor: Stefan Nestler