Brasil poderá ficar inabitável em 50 anos? Não é bem assim; veja explicação

Climatologista do Cemaden, José Marengo, explicou que o estudo da NASA pode estar “exagerado”

Emanuele Braga

O Brasil está entre os cinco lugares a se tornar quentes demais para sobreviver, de acordo com um estudo divulgado pela NASA em 2020. Em entrevista ao Band Jornalismo, o climatologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) José Marengo, explicou que o estudo pode estar “exagerado”. 

A pesquisa divulgada pela agência dos Estados Unidos se baseia na temperatura de bulbo úmido, condição que mede a umidade e resfriamento do corpo em situações de calor extremo.

“Você precisa suar para combater o calor. Quando o corpo não consegue suar e começa a esquentar, inicia-se o processo do estresse térmico, que não medimos com a temperatura do ar e sim com a temperatura de bulbo úmido”, explicou o climatologista. 

O que diz o estudo? 

Na publicação, Colin Raymond, estudioso do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA diz que é “difícil” dizer quando a humanidade poderá viver temperaturas globais de bulbo úmido superiores e 35°C por ser um processo gradual em diferentes partes do mundo.

De acordo com José Marengo, o calor máximo que um corpo humano pode resistir em relação à temperatura do bulbo úmido é de 35°C. Isso quer dizer que qualquer exposição a temperaturas mais altas pode causar doenças respiratórias, além de infarto, especialmente em pessoas idosas e crianças.  

“As pessoas que trabalham fora, ou seja, motoristas, construtores civis, garis, qualquer pessoa que tenha um trabalho externo pode sofrer complicações térmicas. Então, essas pessoas seriam vulnerável nessas condições”, explicou. 

Afinal, o Brasil ficará inabitável?

A hipótese apresentada no estudo cita que os modelos climáticos apontam que determinadas regiões provavelmente excederão essas temperaturas nos próximos 30 a 50 anos, como o sul da Ásia, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho, assim como o leste da China e Brasil em 2070. 

Para Marengo, afirmar que todo o Brasil ficará inabitável é “um exagero”. O climatologista explica que “como é um estudo global, aparecem grandes áreas, como o sudeste da Ásia, Oriente Médio e também apareceu a América do Sul e o Brasil. Vendo o mapa, parece que o Brasil inteiro ficará assim, mas o país pode ter regiões onde a temperatura do bulbo úmido possa ser superior a 35 graus e outras não”. 

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