O Brasil Urgente conversou com exclusividade com uma jovem que passou alguns meses na clínica de reabilitação de dependentes químicos administrada por um membro do PCC.
A interna contou os detalhes do local, onde a polícia encontrou internos presos atrás de grades. Ela foi internada para tratar a dependência em drogas, mas afirma que a experiência foi a pior que já passou.
A jovem foi internada na clínica pela própria família, que encontrou o espaço por meio de buscas na internet. A garota afirma que os funcionários obrigavam as internas a tomar um conjunto de medicamentos, que as deixavam dopadas.
“As meninas também já foram amarradas, tomaram o danone(coquetel de remédios). E se a gente não quiser tomar, eles dão a força!"
A alimentação também era alvo de queixas. “Nunca mudavam o cardápio. Era arroz, feijão, soja. Às vezes tinha salsicha. Mas tudo estragado”.
As duas clínicas foram descobertas na investigação sobre um homicídio ocorrido no Grajaú, extremo sul de São Paulo, há um mês.
Welberth Kallyson Sousa Costa foi preso, acusado de aparecer nestas imagens, desovando o corpo de um homem que teria desrespeitado as regras do crime organizado. A polícia descobriu que Welberth era quem gerenciava as duas clínicas.
Esta semana a Polícia Civil esteve na clínica e descobriu que 86 internos eram mantidos nos locais, em condições completamente insalubres.
Ainda segundo a jovem, o contato com os familiares era monitorado pelos funcionários, para que não fosse exposto o que realmente acontecia na clínica.
“A ligação era todo sábado. Se a gente falasse alguma coisa, de mal da clínica, eles tomariam o celular. E se desse tempo de a gente falar com a família a gente era “endanonada”.
A polícia chamou a Vigilância Sanitária para interditar os locais e apura se há outras clínicas gerenciadas pelo mesmo grupo.