Como delator do PCC foi de corretor de imóveis a empresário executado em SP

Delator do PCC, Vinicius Gritzbach era o “menino de ouro” quando o assunto era venda de imóveis de luxo, até que o caminho dele se cruzou com o PCC

Da redação

Como delator do PCC foi de corretor de imóveis a empresário executado em SP
Vinicius Gritzbach era corretor de imóveis, quando o caminho dele cruzou com o PCC
Reprodução/Band

Vivo, Vinicius Gritzbach desestruturou todo o esquema de lavagem de dinheiro do PCC. Morto, chacoalhou as estruturas da Segurança Pública de São Paulo. O delator era tido como um jovem promissor do Tatuapé, bairro valorizado da Zona Leste da capital, em franca expansão imobiliária.

Gritzbach se formou em engenharia, mas foi trabalhar como corretor de imóveis. Bem articulado, não demorou a se destacar. Vendia apartamentos de luxo e ganhava gordas comissões. Era o menino de ouro da construtora no mesmo bairro. Aos clientes interessados, alterava valores nas notas fiscais e nos contratos de compra e venda.

História com Cara Preta

Em 2014, Gritzbach foi apresentado por um dentista famoso a Anselmo Becheli Santa Fausta, um homem com muito dinheiro para investir. Era o começo de uma trajetória de riqueza e ostentação com capital do tráfico internacional de drogas. Os ganhos chegavam sujos às mãos do corretor e voltavam limpos para os traficantes.

Daí para a frente, uma vida com viagens, um helicóptero próprio dos mais caros, lanchas, iates. Com uma facilidade imensa de negociar imóveis de luxo e alterar dados, Gritzbach se tornou o queridinho de empresários ligados ao PCC que atuavam na lavagem de dinheiro.

O próximo passo foi investimento em criptomoedas. Gritzbach foi apresentado pelo mesmo dentista a um investidor, um hacker apontado pela Polícia Federal por golpes de R$ 400 milhões. Os valores movimentados chegaram à casa dos bilhões de reais.

Racha com Cara Preta

No segundo semestre de 2021, as bitcoins sofrem uma queda significativa, um prejuízo de centenas de milhões de reais. Cara Preta exige ser ressarcido e ameaça Gritzbach e a família dele.

Segundo a polícia, Gritzbach teria contratado um segurança do hacker, o agente penitenciário, para encontrar um matador e eliminar Cara Preta. Não demorou para o plano ser concretizado.

Cara Preta e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue” foram assassinados dentro de um carro no Tatuapé.

Gritzbach e o hacker foram presos temporariamente. Ficaram juntos na cadeia. O hacker, no entanto, foi libertado por falta de provas e mantido no inquérito policial apenas como testemunha.

Em depoimento, o hacker disse que Gritzbach teria movimentado, junto com Cara Preta, cerca de R$ 200 milhões. O empresário também ganhou o direito de responder pelo crime em liberdade.

Já o matador não teve a mesma sorte. Ele acreditava ter matado apenas um agiota, mas atirou contra um dos maiores negociantes de drogas que prestava serviços para o PCC. O executor teve a cabeça decepada e jogada na mesma praça onde Cara Preta e Sem Sangue foram mortos.

Sequestro e nova prisão de Gritzbach

Gritzbach foi sequestrado, torturado e ameaçado por integrantes do crime organizado. Após libertado pelos bandidos, foi preso pela polícia.

O próprio Gritzbach já tinha sido personagem de uma reportagem do Brasil Urgente quando a casa dele foi invadida por criminosos. Desde o momento da prisão, o empresário nunca mais saiu do noticiário.

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