Dona da "Casa Abandonada de Higienópolis" pode deixar o local

Delegada afirma que Margarida Bonetti não possui condições de permanecer no imóvel e que ambiente é insalubre

Da redação

A idosa Margarida Bonetti pode deixar a "Casa Abandonada" de Higienópolis", imóvel que fica em região nobre de São Paulo.

Segundo a delegada Vanessa Guimarães, Margarida não possui condições de permanecer no imóvel e os policiais já acionaram a irmã da idosa para que ela possa ser levada para outro local.

“Mas com certeza ela não tem condições de permanecer nessa casa. A irmã deve estar a caminho que a gente já acionou e solicitou a presença dela. A Dona Margarida será entregue a ela com pedido médico de perícia para constatar sua condição psíquica”, disse ao Brasil Urgente.

A delegada também afirmou que a advogada de Margarida está acompanhada toda a ação da polícia e que concorda com a situação.

“Ela concorda e está acompanhando tudo e percebe que a dona Margarida não tem mais condições de permanecer nessa casa sozinha. A condição é insalubre da casa e a condição psíquica dela não permite que se auto proteja. É perigoso para ela permanecer aqui”, disse.

Na tarde desta quarta-feira (20), policiais foram até a mansão de Margarida Bonetti, que havia abandonado o casarão há alguns dias.

Lá, os policiais encontraram resistência da dona para entrar no local. Ela chegou a impedir o acesso e tentou evitar o resgate de um cachorro que morava com ela e apresentava sinais de maus-tratos.

“Foram os policiais que encontraram. Um ambiente totalmente insalubre. Quando a gente entrou, ela tirou o cachorro na minha mão, colocou dentro da malha e começou a sufocar o cachorro. Ai a gente foi tirar e os policiais tiveram que intervir. Ela está muito alterada e bateu nos policiais. Faz duas semanas que a gente resgatou dois cachorros. Um deles está doente”, disse a defensora de animais Luisa Mell.

O delegado-geral da Polícia Civil, Nico Gonçalves, afirmou que a ação foi mais um trabalho social para verificar as situações do imóvel que a senhora mora.

“É um trabalho até mais social. Não temos um mandado de prisão, porque o mandado de prisão dela está prescrito. Estamos com um mandado de busca porque ela está em uma situação análoga à escravidão. Ela está lá com esse lixo todo convivendo com animais na casa. É um problema social e nós vamos procurar uma ajuda médica”, disse.

Entenda

Uma casa que cai aos pedaços num bairro nobre da cidade de São Paulo está na agenda de discussões há algumas semanas. Acontece que a antiga moradora, Margarida Bonetti, havia abandonado o casarão há alguns dias.

As primeiras imagens de dentro da casa, obtidas pela Band, mostraram um total abandono do imóvel. Havia muito mato, móveis depredados, paredes rachadas, telhado cheio de buracos e um carro coberto de sujeira.

Margarida fugiu de um processo, nos Estados Unidos, depois de ser acusada de escravizar uma empregada doméstica brasileira que foi levada pela acusada e o marido Renê Bonetti. Ele chegou a ser condenado pela Justiça americana.

A história da mulher e do casarão voltou a ganhar interesse após ser tema do podcast “A Mulher da Casa Abandonada”, do jornalista Chico Felitti, na Folha de S.Paulo.

Na vizinhança, moradores comentam a situação do imóvel. Muitos deles relatam que não têm o mínimo interesse em morar na mansão.

“De jeito nenhum [que moraria]. Deve ter um carma aí ferrado”, disse um morador do bairro. “[Não moraria] nem com a casa reformada”, disparou outro homem.

Imóvel avaliado em R$ 10 milhões

O imóvel tem mais ou menos 500 m². São 10 m de largura e 50 m de comprimento. Mesmo com toda história por trás da moradora, o imóvel ainda é avaliado com um valor alto. Corretores estimam cerca de R$ 10 milhões.

No processo de inventário da casa, em 2019, havia uma dívida de mais de 10 anos sem pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Segundo a Procuradoria-Geral do Município, atualmente, o imóvel não tem dívida ativa.

Disputa por herança

Além das questões tributárias, há uma briga judicial em curso. Outros herdeiros acusam margarida de trocar a fechadura do portão e não dar a chave a mais ninguém. A casa está no nome do pai da acusada de escravizar a empregada doméstica.

O proprietário era o médico Geraldo Vicente de Azevedo. Ela disputa a herança da casa com os irmãos. Ao todo, são três herdeiros que disputam a divisão do dinheiro do valor da venda da casa.

Ação da Vigilância Sanitária

A Vigilância Sanitária esteve na casa após reclamações dos vizinhos sobre a proliferação de pragas, principalmente de ratos. A prefeitura deu um prazo de 60 dias para que seja feita uma manutenção e limpeza completa no imóvel.

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