Jovem afirma ter sido estuprada dentro de casa noturna de Cabo Frio (RJ)

Estabelecimento tem o deputado Filippe Poubel (PSL) entre os sócios

Da Redação, com Brasil Urgente

Uma mulher afirma ter sido estuprada durante um evento de uma casa noturna de Cabo Frio (RJ), cidade na região dos Lagos. Um dos proprietários do estabelecimento é o deputado estadual Filippe Poubel (PSL). As informações são do Brasil Urgente.

A vítima, cuja identidade foi preservada, foi até a cidade para passar o final de semana com a família. Decidiu ir até o Buda Lounge, que não poderia funcionar por causa da pandemia do novo coronavírus. Entrou pela porta lateral, e logo depois começou a beber.

Ela foi encontrada por amigos no segundo andar da boate, jogada em um sofá. Um amigo chegou a tentar pedir ajuda no momento em que viu dois homens parados na frente da vítima, mas teria sido impedido por seguranças.

“Eu só lembro depois, de algum tempo, dois amigos meus chegarem. Tentei abri um olho e ver o que estava acontecendo e não consegui voltar à consciência. Tinham dois homens que eram funcionários do bar, um estava uniformizado, e minha amiga viu que eu tinha sido abusada”, contou a vítima.

De acordo com testemunhas, os seguranças seriam do deputado Filippe Poubel. Ele é um dos sócios da boate junto com Diogo Souza da Silveira, capitão da Polícia Militar.

O caso teria acontecido no dia 8 de maio, véspera do Dia das Mães. Até o momento, Poubel não prestou depoimento.

“Nunca funcionamos de forma clandestina. Sempre respeitamos as leis. Estava no local, sim, cuidando das questões administrativas. Não presenciei qualquer tipo de agressão, e repudio todo e qualquer tipo de violência contra a mulher. Embora ainda não tenha recebido nenhuma notificação oficial, me comprometo a prestar de maneira voluntária todos os esclarecimentos possíveis por ser o principal interessado em comprovar a verdade dos fatos”, afirmou o deputado em vídeo.

Após o caso vir à tona, Diogo e Filippe postaram fotos em uma rede social, brindando, e com a frase “só aguardando a verdade dos fatos”.

Além da vítima, dois amigos e um funcionário que estavam no dia já prestaram depoimento. Uma testemunha contou à polícia uma versão parecida à do amigo da vítima. Disse ainda que dois funcionários da casa estavam parados na frente da vítima.

O caso foi registrado na 126ª DP de Cabo Frio. A investigação corre em sigilo.

“Até hoje a casa não falou nada comigo, não perguntou como eu estava, não perguntou o que tinha acontecido, se eles poderiam ajudar com alguma coisa”, disse a vítima. “Pelo contrário. Eles fugiram da responsabilidade, me culparam, (disseram) que eu estava alcoolizada, não falam nada sobre funcionários, sobre o funcionamento aquele dia, sobre o segundo andar. Só falam que eu estava alcoolizada e dando em cima de um dos donos”, acrescentou.

Investigação

O caso aconteceu em maio, mas só agora, em julho, os depoimentos passaram a ser colhidos. Os funcionários da boate foram intimados pela Polícia Civil a prestar esclarecimentos, e mais testemunhas devem ser ouvidas.

“Isso é muito importante, sobretudo para deixar para a sociedade um recado de que a mulher tem total liberdade de escolher, de fazer suas escolhas, de sair com suas amigas, de beber, e que isso não é pré-requisito para ela ser vítima de um crime sexual”, afirmou Leticia Delmindo, advogada da vítima.

A polícia vai comparar o material genético coletado nas roupas usadas pela vítima com o DNA dos homens apontados como suspeitos de tê-la estuprado. O resultado de um exame toxicológico também é aguardado.

“Eu preciso disso para que o inquérito seja fechado e tenha uma conclusão. Porque eu tenho os nomes dos acusados, mas eu preciso que seja provado”, disse a mulher que acusa o estupro na boate.

Segundo os amigos da vítima, ela estava em um sofá com as pernas abertas, o vestido levantado e roupas íntimas afastadas para o lado, com dois homens parados na frente dela. Um deles vestido com o uniforme dos funcionários da casa.

A Prefeitura de Cabo Frio multou a casa de shows por estar promovendo uma festa durante a pandemia, o que é proibido por decreto. No dia 23 de maio, a boate já havia sido multada em R$ 5 mil por estar promovendo um evento irregular.