Ainda era madrugada, quando o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) colocou mais de 100 policiais civis nas ruas de São Paulo. O Brasil Urgente acompanhou tudo de perto.
A operação cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, em endereços ligados ao suspeito conhecido como “Cigarreira”, apontado pela investigação como um dos mandantes da execução de Vinicius Gritzbach, delator do PCC e de policiais, em novembro de 2024.
Na operação, os investigadores foram aos endereços dos parentes mais próximos e a empresas ligadas a Cigarreiro. Num dos imóveis, os policiais apreenderam documentos, celulares e objetos de decoração ligados ao crime organizado, como a réplica de um fuzil dourado, presa a uma moldura, e um abajur em forma de uma arma de guerra.
Quatro parentes de Cigarreiro foram levados ao DHPP, na condição de testemunhas. O suspeito teve a prisão decretada pela Justiça e está foragido. A investigação acredita que ele pode ter deixado o país na companhia de outro mandante do crime, identificado como “Didi”, primo do olheiro que deu aval para a execução do delator do PCC no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Também há a hipótese de que Cigarreira esteja abrigado por traficantes no Rio de Janeiro, onde nasceu e mantinha negociatas com drogas e armas, segundo informou a Polícia Civil na tarde desta quinta-feira (13), em entrevista coletiva transmitida pelo Brasil Urgente.
“O Cigarreira é nascido no Rio. A parte da movimentação de tráfico, tanto de droga como de armas, ele fazia com a Vila Cruzeiro. Por isso que ele tem tranquilidade para ficar no Rio de Janeiro. Ele negociava armas e droga com esse local onde estaria foragido”, explicou o delegado Rogério Barbosa.
Cigarreiro é um conhecido traficante de drogas do bairro do Tatuapé, área nobre da Zona Leste da capital. Com ligações com o PCC, de São Paulo, Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, ambos do Rio de Janeiro, o possível mandante teria sido o responsável pelo sequestro de Gritzbach em 2022.
Segundo a polícia, naquela ocasião, Gritzbach foi levado ao “tribunal do crime”, onde seria executado, mas prometeu devolver os R$ 300 milhões investidos em criptomoedas e imóveis pela facção paulista. Só que ele não cumpriu a promessa. Ao contrário, denunciou os envolvidos no sequestro e ameaças de morte. Cigarreira estava entre eles.
Em depoimento ao Ministério Público, o delator disse que foi Cigarreiro quem o atraiu para o sequestro e tinha a intenção de mata-lo, mas outro integrante do crime organizado deu um prazo para que os milhões da facção fossem devolvidos, com as escrituras de imóveis de luxo e as senhas das contas onde estariam os investimentos em criptomoedas.
Até agora, foram presos 26 suspeitos por ligação com o crime e com o empresário. Entre eles, policiais militares e civis.