No rosto da vítima, continua o hematoma, provocado pelos socos que levou ao lutar com um homem que tentou estuprá-la. Nos pés dela, também há marcas da violência. A mulher de 38 anos voltava do trabalho, quando foi atacada uma região de mata de Cotia, na Grande São Paulo.
“Na hora que ele pediu para passar a bolsa, eu já vi que ele estava com uma faca muito grande em cima de mim. Então, tirei a bolsa, joguei nos pés dele e dei três passos para trás. Nessa hora, ele já não queria mais a bolsa e me puxou pelo meu lado direito. Eu falei para ele que, se fosse abusar de mim, me deixasse com vida”, disse a vítima.
Mesmo diante de uma faca, a vítima entrou em luta com o suspeito.
“Ele viu que eu não ia desistir da minha vida e começou a chutar nos meus calcanhares para eu me desequilibrar e cair. Ele me deu vários golpes no meu rosto para me desfalecer e me arrastava, pelo meu cabelo, dentro do mato”, continuou a mulher.
Foram cerca de 10 minutos até a mulher conseguir se desvencilhar e correr. Ao Brasil Urgente, ela conta como conseguiu escapar da tentativa de estupro.
“Nessa hora, ele falou: ‘Cala a boca, que está vindo um carro’. Aí eu levantei e o empurrei. Aí bati no capô do carro, pedindo socorro. Aí eu corri e parei numas casas, na parte de baixo, de moradores, onde eu pedi ajuda”, explicou a entrevistada.
Suspeito preso
O homem apontado como o estuprador de Cotia foi preso pela Polícia Civil, em casa, e reconhecido pela vítima na Delegacia Central da cidade.
O suspeito conhece bem essa região de mata, o que facilitava os ataques. Ele vestia sempre uma roupa preta, um chapéu de pescador e botas. Também carrega uma mochila com as cordas para amarras as mulheres. A ideia era sempre retirar as vítimas da estrada de terra e levar para mata densa, para não chamar a atenção.
“Novo Champinha”
Foi assim que duas adolescentes de 16 anos e um jovem foram atacados quando voltavam de uma trilha que dá acesso a um lago da região. As vítimas foram amarradas, roubadas e uma das meninas estuprada. A mulher de 38 anos que conseguiu escapar do abuso sexual conversou com a garota ainda em choque na delegacia.
“Ele falou das vítimas dele para os meninos, porque os meninos ficaram quatro horas com ele. Ele queria deixar os adolescentes vivos para que os adolescentes espalhassem a fama dele, que ele seria o novo Champinha”, disse a mulher 38 anos.
Quem é Champinha
Champinha é Roberto Aparecido Alves Cardoso. Ele e mais quatro criminosos, em novembro de 2003, sequestram o casal Liana Friedenbach, de 16 anos, e Felipe Caffe, de 19. Os estudantes acampavam em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, quando foram atacados.
Liana foi abusada sexualmente e morta com o namorado. O homem de Cotia, que se inspirou no caso Champinha, teve a prisão temporária decretada.