
Uma adega e uma casa de shows, abertas com o dinheiro do PCC, pertencem a policiais militares. A denúncia aparece no inquérito da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, obtido pela reportagem do Brasil Urgente.
A investigação cita que um cabo que trabalhou na agencia de inteligência da Rota seria um dos proprietários do antigo “Rota's Bar”, estabelecimento inaugurado em 2018, no Jardim Brasília, Zona Leste da capital de São Paulo.
Segundo a denúncia, o dinheiro investido no estabelecimento era dado pelo PCC em troca do vazamento de informações relacionadas a operações policiais. O cabo é apontado pelo denunciante como o PM que mais beneficiou o PCC.
O inquérito investiga a denúncia de que o cabo divulgou aos criminosos do PCC diversas informações, inclusive dados de viaturas descaracterizadas.
O inquérito mostra que o agente filtrava as informações que envolviam os protegidos dele, de modo que as operações que ameaçassem os faccionados não acontecessem, enquanto as demais ocasionavam prisões. Na prática, isso dava prestígio necessário para o cabo continuar na agência de inteligência da Rota.
Outo PM citado
Além do PM que era da rota, o inquérito cita um policial militar do 8º Batalhão, também é cabo, como administrador do antigo “Rota´s Bar”. Ambos teriam ganhado quantias expressivas do “Cara Preta” e “Django”, de acordo com a denúncia.
A Corregedoria cita que, em 2022, o “Rota's Bar” passou a ser chamado de “Adega Rota's” e que os dois cabos ainda teriam inaugurado o “Rota's Beach Bar”, situado no Parque do Carmo, também na Zona Leste de São Paulo. Para o inquérito, o novo investimento demonstra um aumento considerável no poder aquisitivo dos militares, sugerindo algum enriquecimento ilícito.
Segundo a investigação, o cabo do 8º Batalhão ostenta uma vida glamourosa nas redes sociais. Com frequência, posta fotos em barcos, lanchas e carros de luxo, em locais que aparentam ser resorts e condomínios de alto padrão. O “Rota's Beach Bar” funciona como restaurante e casa de shows.
Estabelecimento responde
Embora os PMs denunciados sejam investigados, nenhum dos dois aparecem como proprietários dos estabelecimentos. Sequer figuram entre os sócios. De acordo com a Corregedoria, a adega e a casa de shows estão em nome de um amigo do policial que era da rota, administradas por dois irmãos do militar.
O advogado do “Rotas Beach Bar”, por meio de nota, informou que o estabelecimento não foi notificado por nenhuma autoridade competente, portanto, ele não teve acesso a nenhuma investigação envolvendo o nome do estabelecimento.
Na nota, o advogado também escreveu que o local se trata de uma empresa legalizada e idônea e que atende a todas as normas vigentes. Ainda informou que, caso o “Rotas Beach Bar” seja notificado, formalmente, pelas autoridades, colaborará com as investigações.