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Racha no PCC: antigos aliados viram inimigos de Marcola

No início de fevereiro, uma carta escrita dentro do sistema carcerário teria decretado a expulsão e a consequente execução de três importantes lideranças do PCC

Marcelo Moreira

A tentativa de chacina em Mauá pode ser o início de uma guerra interna dentro do PCC. O atentado a tiros na Grande São Paulo aconteceu durante a noite e teve três alvos: Donizete Apolinário da Silva, de 55 anos, morreu na hora; a esposa dele, de 29 anos, que está gravida, foi baleada e já recebeu alta; a enteada, de 10 anos, também foi baleada e continua internada sem risco de morte.

Os três tinham acabado de sair de uma festa em família e caminhavam até o veículo quando foram cercados por pistoleiros, que estavam em um carro e passaram a atirar.

Segundo a Polícia Civil, Donizete Apolinário, que deixou a cadeia há um ano, onde cumpriu pena por tráfico e associação criminosa, era uma importante liderança do PCC nas ruas. Ele seria o responsável pela logística do tráfico de drogas em todo o estado de São Paulo. Também era um aliado de Marcos Herbas Camacho, o Marcola, número um da facção paulista, preso em um presidio federal de segurança máxima. 

A Polícia Civil de Mauá, que investiga o caso, tem dificuldades em ouvir testemunhas. Parentes e amigos têm medo de falar sobre o crime. O carro dos pistoleiros ainda não foi localizado. 

Por causa do silêncio das testemunhas, a investigação ainda não tem informações sobre a motivação do assassinato. Mas uma disputa pelo poder dentro do PCC seria a principal causa. Para a polícia, a execução pode ser um recado a Marcola e os aliados dele.

No início de fevereiro, uma carta escrita dentro do sistema carcerário teria decretado a expulsão e a consequente execução de três importantes lideranças do PCC: Roberto Soriano, o Tiriça; Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka; e o conhecido sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho.

A exclusão das três lideranças seria uma retaliação a uma suposta declaração do próprio Marcola, que em 2022, durante uma conversa com um policial penal, no pátio da penitenciária, teria chamado Roberto Soriano, o Tiriça, de psicopata. 

O áudio foi usado em um júri, onde Tiriça foi condenado a mais de 30 anos de cadeia pela morte de uma psicóloga funcionária do presídio federal de Catanduva, na Paraná, em 2017. 

Andinho já foi condenado a mais de 700 anos de prisão por homicídios e sequestros. Tiriça está preso desde 2012, envolvido em roubos e homicídios. E Vida Loka é um dos mais radicais e violentos do PCC. A polícia entende que os três se tornaram os novos rivais de Marcola em uma guerra que promete render muitas mortes e trocas de comando dentro da maior facção do pais.

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