O Brasil Urgente utilizou a tecnologia de inteligência artificial para reconstruir os passos do delator do PCC, Vinícius Gritzbach, antes de ser morto no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Veja a possível dinâmica do crime utilizada pelos criminosos.
Segundo a namorada de Gritzbach, os dois saíram de São Paulo com destino à cidade de São Miguel dos Milagres, local conhecido como “Caribe brasileiro”, em Alagoas. A polícia suspeita que a viagem ao nordeste não teria acontecido por motivos românticos, mas sim para resolver “negócios” com o crime organizado.
Nas imagens reconstituídas, é possível perceber a dinâmica do delator do PCC, que mandou o segurança e o motorista irem até um quiosque na orla e, depois de alguma espera, surge um homem jovem, de aproximadamente 1,80m, e vestido com uma camiseta do Barcelona.
O jovem entrega uma sacola ao policial militar da escolta e vai embora. Dentro, há uma caixa de joias que, somadas, chegam a quase R$ 1 milhão.
A namorada de Gritzbach relatou que, durante a viagem, desconfiou de um homem em um restaurante como sendo um suposto desafeto. A vida seguiu normalmente até que os dois voltassem a São Paulo.
Reconstituição do dia do assassinato de Gritzbach
No dia do crime, Vinícius Gritzbach saiu do avião ao lado da namorada e passa pelo portão de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Logo atrás, aparecem o policial militar Samuel Tillvitz, que atuava como segurança particular, e Danilo Lima, motorista do delator do PCC.
Os quatro seguem em direção às esteiras de bagagens, e o policial pega a arma que havia sido despachada. Em seguida, todos vão para o saguão. Do lado de fora, a emboscada já estava quase pronta.
O carro preto com os assassinos tinha dado voltas até parar atrás de um ônibus da Guarda Municipal. Danilo, o motorista de Gritzbach, sai do aeroporto primeiro. Pouco depois das 16h, o carro preto, com o pisca alerta ligado, avança para a frente do ônibus. Os criminosos tinham sido avisados por um comparsa dentro do Aeroporto.
Em seguida, Gritzbach atravessa a rua. No canteiro central, dois atiradores descem do banco de trás do carro e abrem fogo com fuzis. Dez tiros atingem Gritzbach, que morre no local. Na ação, um motorista de aplicativo, que estava perto, também é atingido e acaba morto.
Passageiros e funcionários saem correndo para o saguão em busca de abrigo. O policial militar, em trajes civis, também corre. Imagens mostram o desespero da namorada de Gritzbach, Maria Helena Antunes.
Logo depois, o carro preto, utilizado na fuga, é abandonado há cerca de 5km do aeroporto. Segundo a polícia, um Cabo da PM, que já foi preso, estava de boné branco, carregando duas mochilas com as armas. O armamento foi encontrado no meio de um arbusto ao lado de um barraco. Depois de deixar as armas, o suposto atirador foi flagrado mais uma vez, às 16h19.
A polícia teve acesso a imagens em que aparecem o segundo atirador. Ele vestia uma blusa de frio com capuz e também carregava uma mochila no ombro. O criminoso se aproximou de uma pequena lanchonete e escondeu a mochila atrás do estabelecimento. Em seguida, ele foi flagrado por outra câmera atravessando a rua a 180m deste local.
Esse mesmo homem foi flagrado andando em direção a um ponto de ônibus, onde encontra o primeiro atirador. Às 16h47, o homem que estava de blusa de frio entra no ônibus, mas sem o capuz. O outro entra na sequência, e continua com o boné branco.
O segundo atirador foi identificado de acordo com a Força Tarefa que investiga o caso. A polícia já cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa dele. Já o motorista do carro preto, que a investigação acredita ser um tenente da PM, que foi preso dois dias depois do primeiro atirador, teria fugido no sentido contrário, depois de deixar o veículo.
“Olheiro” atuava dentro do Aeroporto e seguiu Gritzbach
O crime, que foi totalmente orquestrado, não podia deixar de ter alguém dentro do Aeroporto de Guarulhos, acompanhando cada passo do delator do PCC no desembarque: a cor da roupa, quem o acompanhava e o trajeto feito até o local dos tiros. Essa pessoa é Kauê do Amaral Coelho.
Às 14h44, o carro em que Kauê estava saiu em direção ao Aeroporto de Guarulhos. Os carros em que estavam os responsáveis pela segurança de Gritzbach, uma Amarok e a Traiblazer, chegam depois, às 14h58.
Às 14h52, o Audi de Kauê é visto entrando no estacionamento do Terminal 2. Ele entra no saguão do Aeroporto às 14h58 e procura pelo portão onde o delator do PCC sairia.
Às 15h04, o olheiro se dirige ao quiosque de uma pizzaria, localizado no mesmo terminal e próximo ao portão por onde Vinícius passaria. Ele faz o pagamento do que comprou com o recurso por “aproximação”, senta nas cadeiras em frente ao desembarque e aguarda a chegada do delator do PCC, que aparece às 16h02.
Kauê o segue, mas mantém distância e conversa ao telefone. Segundo a polícia, ele olhou atentamente para o carro onde estavam os atiradores. No momento da execução, o olheiro corre em direção ao veículo dele.
Às 16h09, Kauê foi visto, de novo, ao telefone. Ele paga o ticket do estacionamento, entra no Audi e foge. Um radar registrou a passagem do carro às 17h10 em uma rua de Guarulhos e às 18h12 em Osasco, na grande São Paulo.
O carro preto onde estavam os atiradores também foi registrado mais cedo passando por um radar em Osasco, por volta de 13h15. A polícia acredita que, ali, o carro já estava a caminho do aeroporto.