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Brasileiros que vivem na Irlanda denunciam ataques xenofóbicos de gangues

Felipe Kieling, para o Jornal da Band

Autoridades irlandesas estão investigando uma série de ataques contra trabalhadores brasileiros no país europeu. A reportagem especial para o Jornal da Band é do correspondente Felipe Kieling. 

A Irlanda é o destino de muitos brasileiros por uma série de motivos: não está entre os países mais caros da Europa, tem o inglês como língua oficial, e oferece vistos com uma certa facilidade para estudantes. 

Apesar de ser um local considerado seguro e com uma população, no geral, receptiva, há problemas por lá também. Xenofobia, infelizmente, é algo que existe em qualquer lugar. Mas o que a comunidade brasileira em Dublin tem reclamado é que os ataques a eles têm crescido, principalmente contra quem trabalha com entrega de comida. 

"O cenário agora mudou e é totalmente diferente do que era há 1 ano atrás, quando eu cheguei aqui. Não que não acontecesse esse tipo de coisa, mas agora está tomando uma proporção fora de controle”, relata o entregador Djalma Soares Ramos Dos Santos Neto. 

São muitas histórias de violência. E elas partem principalmente de gangues de adolescentes, conhecidos como “knackers”.

“Já fui atacada por 3 meninos enquanto fazia uma entrega. Vieram pra roubar minha bicicleta. No primeiro momento, tentei impedir porque tenho uma bicicleta elétrica e o custo dela aqui é alto. Tentei defender, levei um murro, cai no chão e eles levaram minha bicicleta”, explica a entregadora Jessica Barbieri Ferreira.

Durante entrevista, a produtora Stéfanie Rigamonte acabou registrando a aparição de alguns desses garotos. 

Esses ataques têm ganhando cada vez mais destaque na imprensa irlandesa e as autoridades estão sendo pressionadas a agir. A empresa Deliveroo, inclusive, solicitou uma reunião com a polícia para que o assunto seja debatido. 

A segurança é um dos motivos que fazem com que muitos brasileiros venham para a Europa. Mas o que muita gente não imagina, é que por aqui, mesmo que numa escala menor, há bastante violência também. E quando se é estrangeiro, a sensação que se tem, muitas vezes, é de falta de amparo. 

A gente já tentou contatar a embaixada para eles intervirem, mas todas as vezes a gente não tem retorno. E a polícia daqui, principalmente contra esses ‘knackers’, para eles, são apenas crianças” diz Jéssica.

Osin O'Connor é um político irlandês do partido verde e explica a dinâmica no país. 

“A gente tem aqui alguns políticos racistas, assim como vocês tem no Brasil, e eles refletem eleitores que votaram neles. Mas são pessoas rejeitadas pela maioria da sociedade”, diz o político. 

“É importante destacar que brasileiros e irlandeses, na maioria dos casos, se dão bem. São povos receptivos e abertos a novas culturas. Eu sou exemplo. Essa é a minha esposa, que é irlandesa. E aqui toda a família dela, que agora é minha família também. E eu só tenho coisas boas pra falar deles”, relata Felipe Kieling, que fez esta reportagem.

“Muitos brasileiros vieram para a Irlanda pra estudar e trabalhar e vivem aqui há muitos anos e estão super felizes vivendo na Irlanda, com família e emprego. Eu espero que no Brasil, as pessoas não pensam que só há coisas ruins acontecendo entre irlandeses e brasileiros, porque isso está longe de ser verdade”, apela Osin. 

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