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Canal Empreender vai espalhar metodologia, diz presidente do Sebrae

Carlos Melles foi entrevistado deste domingo (3) no Canal Livre da Band

Canal Livre

Carlos Melles, presidente do Sebrae, em entrevista ao Canal Livre
Carlos Melles, presidente do Sebrae, em entrevista ao Canal Livre
Eduardo Adante / Band

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, em entrevista ao Canal Livre da Band deste domingo (3) falou sobre os desafios das pequenas empresas e o cenário atual da economia brasileira. Os 50 anos do Sebrae, seus objetivos e perspectivas, também foram abordados. 

Entre os assuntos, foi destaque o lançamento do Canal Empreender, da Band. A partir de 5 de julho, vai estrear na TV por assinatura um novo canal da Newco Pay TV, programadora responsável pelos canais pagos do Grupo Bandeirantes. Empreender vai abordar assuntos relacionados ao empreendedorismo 24 horas por dia.

Em conversa sobre empreendedorismo, inovação e desenvolvimento, com apresentação de Rodolfo Schneider e participação de Lana Canepa e Juliana Rosa, Melles conta que a criação do Canal Empreender procura espalhar a metodologia simples que fez do Sebrae referência no assunto. 

"Ao ter essa metodologia, o mundo começou a medir o grau de percepção das populações mundiais onde era mais forte o empreendedorismo. Tem um monitoramento mundial de empreendedorismo e o Brasil está nisso há mais de 40 anos e está sempre entre os primeiros países em termos de população empreendedora, população sonhadora. Hoje estamos em sétimo lugar, entre 180 países. Fomos, através de dados, nos organizamos e cada vez mais a procura pelo Sebrae era muito grande. São 7 mil colaboradores na ponta, mais 7 mil consultores, para quem você leva seu sonho, seu problema. Um quer montar uma sapataria, outro uma padaria eles têm que entender isso. O Sebrae mobiliza todos os sindicatos de padaria. Uma vez o Sebrae levou um grupo para a França e eles disseram 'nós voltamos outros'. Mas para isso acontece teve que se desenvolver uma metodologia fácil", conta.

Educação Empreendedora 

O presidente do Sebrae afirma que Educação Empreendedora é mais importante do que nunca em um ambiente de crise, fazendo um paralelo à atual pandemia de coronavírus. 

“Estamos com 5 mil agentes, quatro agentes nos municípios, onde temos a Cidade Empreendedora e o Prefeito Empreendedor, muito focado no município. A Band tem um programa que é muito perto disso, o Cidades Excelentes. O que buscamos desde o começo, primeiro foi dar segurança ao micro e pequeno empresário, porque a cada dois anos no máximo, todos quebravam. Hoje, com o Real fazendo aniversário [28 anos], o presente que aproveitamos, da estabilidade, entramos com a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Depois desse marco regulatório, que tem 15 anos, em 2006 ela foi sancionada, passamos de 1,5 milhão de empresas para 7,5 milhões. Criamos o MEI, saímos de zero para 14 milhões de MEIs. Só com a reforma tributária, do regime do Simples. Só que vimos que não teríamos muita coisa se não fosse a Educação Empreendedora”.

A qualificação, destaca Melles, poderia reduzir de imediato a fila do desemprego. 

“Dá vontade de chegar na fila e dizer: me dá três meses do seu tempo que eu vou te treinar. Porque a falta é o treinamento, a educação nesse processo. E a mágica foi essa, a pessoa sonhou e o Sebrae tem a metodologia, tem a forma para fazer isso. Mas eu volto a dizer: a formalização foi o segredo de tudo. Era muito informal, tudo informal”, afirma. 

Crédito

O Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), segundo Melles, tem potencial de alavancar os negócios no País. 

Ele afirma que programas semelhantes deram resultado claro de que o fomento por meio de crédito é o caminho para ampliar o mercado. 

“O estoque de metodologia e de conhecimento para explodir a produção e a produtividade que nós temos. O Programa Brasil Mais tem aumentado não só a produtividade como o faturamento. Isso é uma coisa milagrosa. O Pronampe foi o melhor figurino. Nós pegamos o Pronafe [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura], desenhou-se o Pronampe, só que a primeira taxa do Pronampe era 2,5%, mais a Selic, mais juros de 1,25%. Infelizmente estamos vivendo esse quadro ruim de inflação, a Selic subiu, mas o Pronampe ainda é apetitoso. Ele dá folga, dá tempo e tem o treinamento”, destaca. 

O presidente do Sebrae afirma que os primeiros sinais de otimismo dos empreendedores podem sinalizar tendência de crescimento em breve. 

“Nós temos uma sondagem econômica com a Fundação Getúlio Vargas e deu agora 1,8% de animação na percepção do micro e pequeno empresário de que as coisas estão melhorando. É óbvio que tudo subiu e que isso incomoda demais, mas tenho impressão de que estamos começando a ajustar e começando a fazer essa conta de encontro. Por isso citei aqui pela primeira vez o Famp, um fundo do Sebrae, vai em uma parceria de um para um com o BNDES, fazendo de um para um, com R$ 300 milhões com a Caixa, e também com o Banco do Brasil. A oferta de crédito está começando a ser condizente com as necessidades. Se nós faturamos 30% do PIB, de R$ 7 trilhões, a gente precisava ter 25% de crédito nisso que a micro e pequena empresa faz. Nós chegamos a sonhar em ter R$ 500 bilhões de crédito. Estamos chegando a R$ 350 bilhões e acho que vamos fazer esse crescimento porque a educação, o conhecimento, o método, mas isso sem o combustível do crédito, não anda”, destaca. 

Gestão pública

O conhecimento do cenário deve ajudar a compensar os buracos no Orçamento público, segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles. 

“Nós tínhamos uma preocupação de não aguentar R$ 700 bilhões que foram colocados na pandemia. A gente desconfiava se ia ter sustentabilidade. Ainda não era eleição, não foi visto como medida eleitoreira. Essa é eleitoreira, de R$ 400 para R$ 600 [o Auxílio Brasil], o Auxílio Caminhoneiro... Tem algumas coisas que estamos discutindo em uma profundidade boa. Estamos falando muito do bioma Amazônia. Vou falar um pouco da minha área. Todo produtor rural tem 25% de reserva legal. Ela nunca foi remunerada. Começa a ser remunerada. O ponto alto do Brasil, querendo ou não, vai ser crédito de carbono, a Economia Verde. Não há quem tenha o que nós temos. Nós lançamos o Plano Safra e assumimos o risco nosso, porque alimento é difícil no mundo inteiro. Se nós chegarmos a 300 milhões de toneladas de grãos nós vamos ficar bonito no pedaço. E se repetir já está bom demais. Nós estamos com uma plataforma de banco de dados para calibrar isso tudo”, garante.

Ele lamenta o atraso de alguns municípios no País.

“O defeito que o Brasil tem é na gestão pública. A gestão pública municipal é muito pobre ainda. Nós descobrimos que quando se coloca uma Sala do Empreendedor, quando o prefeito se torna um prefeito empreendedor desenvolvendo temas, que no fundo é para melhorar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município. E o carro-chefe nosso é o Cidade Empreendedora que é o Cidades Excelentes (da Band), só que turbinado. Fechamos 1660 prefeitos no Cidade Empreendedora. Isso é mais de 30% dos municípios do Brasil”.

Ele compara cidades que adoraram programas de otimização. “Como está o equilíbrio fiscal? Sua receita é 20%, 22%? É 10%. Não, isso não se sustenta. Sua Secretaria de Educação é empreendedora? Não, ela é uma educadora boa. Então, fala pra ela comprar a merenda escolar toda aqui no município, veja que o uniforme seja feito aqui no município, começa a fazer a economia circular dentro do município. Parece milagroso. Quando os municípios se juntam para comprar, a economia média é de 20%. A hora que o Sebrae põe na prática e eles vivem isso, transforma tudo”.

Programas

A busca de soluções, segundo o presidente do Sebrae, deve passar pelo resgate de programas que deram certo. 

“A TV Empreender veio para a Band é o casamento dessa percepção de empreendedorismo. Em um primeiro momento nós queríamos fazer séries do que deu certo. Aí, então, vamos fazer sobre o que Sebrae faz. O conteúdo foi uma coisa formidável. Por que não trazer isso para ser uma programação de estímulo para as pessoas? Vai ser uma coisa revolucionária”. 

O lançamento do Canal Empreender, com estreia para o dia 5 de julho, teve como inspiração o tema “Gente que Faz”, criado pela Band, que acabou abraçado por um banco. 

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, lembra que os desafios se inovam, mas devem resgatar iniciativas de sucesso como exemplo. 

“O que o Sebrae faz é muito do que Gente que Faz, que o Bamerindus começou, produzido pela Band. A gente vai revendo essas coisas, o que funcionou, e a procura do digital cresceu 1300%, por cursos on-line. Levamos um choque de as pessoas falarem ‘e agora, com a pandemia?’. Nós estávamos melhor preparados do que a gente pensava”, exemplifica.  

Produtividade

Dadas as condições atuais no Brasil, segundo o presidente do Sebrae, os erros mais comuns dos empreendedores passam pela produtividade. 

Segundo ele, é necessário revisar e otimizar processos. 

“Quando criamos a Embrapa, juntamos o ensino com a pesquisa, foi uma maravilha. A Embrapa tinha um estoque de tecnologia e não era utilizado. Não tinha extensionista para levar isso para fora. A TV faz o papel de extensão. Aí, você pega a micro e pequena empresa e pergunta ‘quais são suas dores?’. Primeiro vê custo fixo, custo variável, mercado. O Sebrae tem essa coisa que é diferente de tudo, faz criar mercado, pesquisa de mercado. Um exemplo desse viraliza muito. A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa do Brasil é uma das melhores e mais contemporâneas do mundo. Começamos com taxa de impostos de 4% para o comércio e vamos a 11,7%. A carga tributária do Brasil 34%. Na lei, com sobrepreço de até 10% a preferência é da micro e pequena empresa. (...) E o segredo de tudo é melhorar a produtividade. Desde desperdício, de medir bem o tempo, a hora, do custo bom da energia, da distribuição, da rotatividade, quando começa a ver de uma maneira mais ampla, as pessoas percebem”, contextualiza.  

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