O ex-embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, Rubens Barbosa criticou o que chamou de “esvaziamento” do Ministério das Relações Exteriores. O diplomata, que atuou na função de 1999 a 2004, acredita que o Itamaraty tem sido prejudicado com a falta de continuidade de trabalho e com a influência ideológica dos presidentes.
“Há um gradual esvaziamento do Itamaraty. A função do Itamaraty é assessorar o presidente, está na constituição. O Itamaraty é quem coordena as ações para o exterior. Nesses últimos 15 ou 20 anos, a proliferação de ministérios e criação de áreas que têm repercussão no exterior – como Meio Ambiente, Mulher, Direitos Humanos – esvaziou o Itamaraty. Nós tínhamos função de coordenação, havia continuidade nas coisas”, disse ao Canal Livre deste domingo (26).
“Há outro fator: a influência ideológica na política externa. Hoje os presidentes falam e criam arestas, problemas. Quando era eu perguntado sobre o Itamaraty na época do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, eu dizia ‘não ouça ele, veja o que o Itamaraty está fazendo’. Agora [com o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva] falo a mesma coisa, com sinal trocado. ‘Não ouça o Lula, veja o que Itamaraty está fazendo’”, completou.
A afirmação veio ao ser questionado sobre recentes declarações de Lula que causaram mal-estar internacional, como a comparação entre Volodymyr Zelensky (presidente da Ucrânia) e Vladimir Putin (presidente da Rússia) durante a escalada da guerra e as críticas ao “genocídio israelense” na Faixa de Gaza. Em ambas as ocasiões, diferente das falas do presidente, as notas oficiais do ministério foram redigidas em tons mais brandos.
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