Seja na forma de um dispositivo intrauterino – o famoso DIU – ou de uma pílula anticoncepcional: a contracepção hormonal é considerada segura, mas também está associada a efeitos colaterais. Por isso, cada vez mais mulheres estão buscando métodos alternativos para impedir a gravidez.
Pesquisa realizada na Alemanha em 2023 indicou que 61% das mulheres e dos homens entendem que a contracepção hormonal "tem efeitos negativos no corpo e na psique". A pílula foi usada com menos frequência do que a camisinha na Alemanha em 2023 – pela primeira vez desde 2007.
Em outras regiões do mundo os anticoncepcionais hormonais também são vistos com ceticismo, diz Joseph Molitoris, do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. "Em países onde o uso de anticoncepcionais é relativamente baixo, muitas vezes há o medo de efeitos colaterais ou de uma possível interrupção dos processos naturais do corpo, o que faz com que as mulheres parem de usar anticoncepcionais hormonais", afirma.
Além do preservativo masculino, há uma grande variedade de métodos que não usam hormônios para impedir a concepção, como o preservativo feminino.
Existem ainda os dispositivos intrauterinos (DIU) não hormonais, como os feitos de cobre, que são projetados para impedir a gravidez em diferentes etapas, seja na imobilização dos espermatozoides, seja dificultando a implantação do óvulo fecundado na parede do útero.
Também há ferramentas para monitorar a fertilidade, que rastreiam sintomas ou que testam a presença do hormônio luteinizante na urina, cujo pico acontece 24 horas antes da ovulação. Outro método possível é o diafragma, que funciona como um anel flexível inserido na vagina antes da relação sexual e que impede que o espermatozoide chegue ao útero.
De acordo com Molitoris, a escolha do método depende principalmente de três aspectos: se eles estão disponíveis, se podem ser usados individualmente e se são acessíveis.
As influências culturais e as políticas públicas, como as campanhas de planejamento familiar, também podem ter um grande impacto sobre se e como as mulheres usam esses métodos.
Qual método contraceptivo é o certo?
Segundo a médica da Clínica de Endocrinologia Ginecológica e Medicina Reprodutiva da Universidade de Innsbruck Bettina Böttcher, métodos contraceptivos não hormonais são uma boa alternativa. "Se o contraceptivo não hormonal for usado corretamente, ele geralmente atinge um alto nível de satisfação entre as mulheres e também é seguro", afirmou.
No entanto, há uma diferença entre o método ser seguro e ser usado com segurança. Preservativos usados corretamente, por exemplo, podem oferecer boa proteção contra a gravidez. Um preservativo rompido, por outro lado, é muito menos seguro.
Portanto, é sempre recomendável uma consulta com um médico para definir o método mais adequado.
Vale ressaltar, porém, que o único método contraceptivo eficaz na prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e contra os vírus da HIV e da hepatite B e C é a camisinha (masculina ou feminina). Por isso, a regra de ouro para uma vida sexual segura e autônoma é, sempre que possível, optar pela dupla proteção: uso da camisinha e outro método anticonceptivo de sua preferência.
Estar em um relacionamento estável com um parceiro ou parceira fixo não é garantia de proteção contra ISTs.
Os métodos listados abaixo não oferecem qualquer proteção contra ISTs. Idealmente, a adoção deles deve ser precedida por uma conversa ou aconselhamento com um profissional de saúde.
Três métodos não hormonais e como eles funcionam
1. Diafragma: O diafragma se parece com uma camisinha grande e enrolada e consiste em uma capa de silicone cercada por um anel flexível coberto por silicone ou látex. É um dos chamados métodos de barreira e é inserido na vagina antes da relação sexual, colocado na frente do colo do útero.
Ele pode permanecer ali por até 30 horas e deve ser limpo em seguida. Como preservativo, o diafragma impede que os espermatozoides cheguem ao óvulo. O uso é associado também a um gel inibidor.
2. DIU de cobre: O DIU de cobre, em forma de T, é uma pequena peça plástica envolvida em um fio de cobre que é inserida no útero. O fio libera íons que inibem o movimento dos espermatozoides.
A inserção do DIU no útero requer um procedimento ambulatorial. São necessários exames regulares, mas se ele se encaixar corretamente, oferece proteção confiável e de longo prazo contra a gravidez. Alguns modelos podem permanecer no corpo por vários anos.
Até o momento, o DIU de cobre é o único contraceptivo altamente eficaz, reversível e não hormonal com uma longa duração de ação. A recomendação é que ele seja combinado com outros métodos, como o preservativo.
No entanto, de acordo com Böttcher, o método é menos adequado para mulheres mais jovens, devido aos períodos menstruais, que muitas vezes são intensificados pelo uso do DIU. O risco de uma gravidez ectópica, quando um embrião se fixa fora do útero, também aumenta.
Além disso, para muitas mulheres a inserção e retirada do DIU é um processo doloroso — e em alguns casos até mesmo insuportável, possível somente mediante anestesia. O método também não é indicado para mulheres com más-formações no útero ou no colo do útero, nem para tratamento da TPM (tensão pré-menstrual).
3. Método sintotérmico: O método sintotérmico se enquadra na categoria de planejamento familiar natural. Ele se baseia no fato de que os dias férteis e inférteis do ciclo da mulher podem ser determinados com a ajuda dos sintomas corporais.
Para fazer isso, a mulher deve medir sua temperatura corporal basal todas as manhãs. De acordo com Böttcher, isso pode ser feito por via retal, vaginal ou oral. No dia da ovulação ou logo depois, a temperatura corporal basal aumenta em pelo menos 0,2 °C e permanece elevada até o início da próxima menstruação. Portanto, o aumento da temperatura indica que a ovulação ocorreu e que os dias férteis começaram.
A condição do muco cervical também deve ser verificada diariamente. Durante a maior parte do ciclo, um tampão de muco bloqueia a entrada do útero, impedindo a entrada dos espermatozoides. Antes da ovulação, porém, ele se liquefaz e, portanto, torna-se permeável.
Entretanto, a medição, o cálculo e a avaliação correta dos sinais corporais devem ser bem feitos para que o método seja eficaz. Os estudos sobre a medição da fertilidade ainda não são suficientes para que seja considerado um método contraceptivo seguro.
Para Böttcher, o método não é adequado, por exemplo, para mulheres que deram à luz recentemente ou que estão na fase pré-menopausa.
Não é um método contraceptivo seguro: coito interrompido
Embora seja usado por cerca de 53 milhões de mulheres em todo o mundo, o coito interrompido – a retirada do pênis da vagina antes da ejaculação – não é recomendado como método contraceptivo. Böttcher desaconselha a prática, já que não há dados suficientes para determinar sua eficácia.
De acordo com os números da ONU, as opções contraceptivas existentes não são satisfatórias para 17% das mulheres em todo o mundo. Outras 24% das mulheres estão insatisfeitas com os métodos disponíveis.
Autor: Franziska Wüst, Rayanne Azevedo