Como Harris e Trump pensam sobre questões-chave para os EUA

Candidatos à presidência dos EUA têm visões opostas sobre temas importantes para o país. A DW listou as posições de Harris e Trump em questões como guerra na Ucrânia, conflito entre Israel e Hamas, aborto e imigração.

Por Deutsche Welle

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A atual vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, candidata pelo Partido Democrata, e o ex-presidente Donald Trump, que concorre pelo Partido Republicano, disputam a eleição pela presidência dos Estados Unidos neste ano.

As futuras decisões do governo americano em uma série de questões fundamentais, como imigração, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, os direitos LGBTQ+ e o aborto, dependem do resultado da votação, em 5 de novembro. Os dois candidatos possuem posições opostas em vários destes temas.

A DW listou como pensam Harris e Trump em relações a temas que ganharam importância na campanha eleitoral.

Rússia e Ucrânia

Harris afirmou durante a Convenção do Partido Democrata, em agosto, que "permanecerá firme ao lado da Ucrânia e de nossos aliados da Otan". Ela acusou a Rússia de cometer crimes contra a humanidade. No site da campanha de Harris, consta que ela "ajudou a mobilizar uma resposta global de mais de 50 países para ajudar a Ucrânia a se defender contra a agressão brutal deVladimir Putin".

Trump, por sua vez, chegou a afirmar que "encorajaria" a Rússia a atacar qualquer membro da Otan que não cumprisse suas obrigações financeiras com a aliança militar, em vez de defender os Estados-membros. Mais tarde, ele suavizou sua posição, mas também falou em retirar os EUA da Otan se os demais membros não aumentassem seus gastos com defesa.

Trump alega que, se for eleito em 5 de novembro, seria capaz de encerrar a guerra na Ucrânia antes mesmo de tomar posse em janeiro de 2025. Ele, porém, não explicou como atingiria esse objetivo. "Não posso lhe dar esses planos porque, se eu os der, não poderei usá-los", afirmou em uma entrevista a um podcast em setembro.

Guerra entre Israel e Hamas

Harris, assim como o atual presidente dos EUA, Joe Biden, apoia Israel na atual guerra contra o grupo terrorista palestino Hamas e prometeu que o governo americano continuará ajudando Israel a defender seu direito de existir, se for eleita.

Ela, no entanto, tem sido mais incisiva do que Biden ao denunciar o sofrimento da população na Faixa de Gaza e pedir enfaticamente o fim das agressões. Harris também defende um cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses pelo Hamas e a solução de dois Estados. Em julho, ela faltou ao discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no Congresso dos EUA, mas depois se reuniu com ele em Washington.

Trump disse em abril que Israel precisa acabar com sua ofensiva em Gaza rapidamente porque está "perdendo completamente a guerra de relações públicas". Ele encorajou o país aliado a "acabar com isso, voltar à paz e parar de matar pessoas".

Trump, porém, também disse que apoia Netanyahu, que foi seu aliado próximo no período em que o republicano esteve na Casa Branca. Durante o debate na TV, ele afirmou que "resolveria [a guerra] rapidamente", também sem dar detalhes sobre como alcançaria esse objetivo.

Aborto

Harris é uma ferrenha defensora dos direitos reprodutivos. Ela disse que, se ganhar a eleição, lutará para reinstituir o direito nacional de escolha e não deixará a decisão sobre a legalidade do aborto para os estados americanos. Depois da Suprema Corte dos EUA anular em 2022 uma decisão histórica de 1973 que protegia o direito ao aborto em todo o país, conhecida como Roe vs. Wade, cabe aos estados estabelecer suas próprias leis sobre essa questão.

O site de sua campanha afirma que Harris e seu companheiro de chapa, Tim Walz, "confiam nas mulheres para tomar decisões sobre seus próprios corpos e não deixar que o governo lhes diga o que fazer".

Quando esteve à frente do governo americano, Trump indicou três juízes para a Suprema Corte, consolidando a maioria conservadora que encerrou o caso Roe vs. Wade. Em 2020, ele foi o primeiro presidente em exercício a discursar no grande protesto antiaborto "Marcha pela Vida", em Washington. Os evangélicos antiaborto também são uma base eleitoral crucial para Trump. Ele, porém, não se manifestou a favor de uma proibição nacional do aborto, mas apoia os direitos dos estados de estabelecer suas próprias leis sobre a questão.

Economia

Harris fez da luta pela classe média uma questão central de sua campanha. Ela promete "criar uma economia de oportunidades onde todos tenham chance de competir e de ter sucesso". Entre suas promessas estão o corte de impostos para mais de 100 milhões de americanos trabalhadores e de classe média, além da redução dos custos de necessidades básicas como assistência médica, moradia e alimentação. Ela também quer tornar o aluguel mais acessível, permitir que mais americanos realizem o sonho da casa própria e apoiar pequenas empresas.

Trump atribui alta inflação nos EUA aos altos gastos do governo Biden. Ele promete reduzir impostos, aumentar os salários e criar mais empregos. O candidato disse ainda que quer ampliar os cortes de impostos, que instituiu durante seu governo e que beneficiaram corporações e famílias ricas. Ele também quer menos regulamentações governamentais sobre a economia.

Imigração

Como vice-presidente, Harris ficou encarregada de questões migratórias e da segurança de fronteira. Ela foi criticada por não fazer o suficiente para conter a migração irregular. Se eleita, ela prometeu assinar o projeto de lei bipartidário de segurança de fronteira que foi rejeitado pelos republicanos no Congresso sob pressão de Trump. A legislação visa ampliar o uso da tecnologia para detectar e interceptar fentanil e outras drogas, além de enviar mais 1.500 agentes de segurança para proteger a fronteira. Os republicanos bloquearam o projeto de lei, dizendo que não ia longe o suficiente.

Trump prometeu a maior operação de deportação da história dos EUA se for eleito. Ele quer reintroduzir as regulamentações rígidas de imigração que vigoraram durante seu mandato, como uma proibição de viagens para cidadãos de certos países de maioria muçulmana, como Irã, Síria, Somália e Iêmen. Além disso, Trump quer mover "milhares de tropas atualmente estacionadas no exterior para a fronteira sul [dos EUA]", segundo seu site de campanha.

Clima

Harris planeja "responsabilizar os poluidores para garantir ar e água limpos para todos", de acordo com seu site de campanha. Se eleita, ela prometeu manter os EUA no Acordo de Paris, no qual quase todos os países concordaram em manter o aumento médio da temperatura global, em relação à era pré-industrial, bem abaixo de 2ºC; de preferência mirando 1,5ºC. Ela quer ainda aumentar a resiliência do país ao clima extremo e a desastres climáticos, além de construir "uma economia próspera de energia limpa".

Trump prometeu que, se eleito, ele retirará novamente os EUA do Acordo de Paris, medida que tomou quando era presidente e que foi revertida por Biden. Ele prometeu acabar com os subsídios à energia eólica e aumentar a exploração de petróleo no país. Ele também quer que os EUA se tornem independentes em termos de energia. "Os republicanos liberarão a produção de energia de todas as fontes, incluindo a nuclear, para reduzir imediatamente a inflação", afirma seu site de campanha.

Direitos LGBTQ+

Há 20 anos, em 2004, Harris oficializou alguns dos primeiros casamentos entre pessoas do mesmo sexo nos EUA, quando atuava como promotora pública em São Francisco. Em seu site de campanha, ela afirma que "lutará para aprovar a Lei da Igualdade para salvaguardar as proteções antidiscriminação para americanos LGBTQI+ em assistência médica, moradia e educação". O governo Biden-Harris bloqueou legislações antitrans em vários estados e reverteu a medida de Trump que proibiu transgêneros nas Forças Armadas.

Trump quer restabelecer essa proibição. Ele rejeita os direitos dos transgêneros e, se reeleito, planeja "acabar com todos os programas [federais] que promovam o conceito de sexo e transição de gênero em qualquer idade". Além disso, ele quer manter as mulheres transgênero fora dos esportes femininos e introduzir uma lei declarando que "os únicos gêneros reconhecidos pelo governo dos Estados Unidos são masculino e feminino, atribuídos no nascimento".

Autor: Carla Bleiker

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