Diferentemente do que foi inicialmente divulgado por parte da imprensa e nas redes sociais, o computador da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apreendido nesta segunda-feira (29) em operação da Polícia Federal, não estava com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), de acordo com informações do próprio órgão.
A apreensão do notebook aconteceu em Salvador (BA), em nova fase de investigação da PF sobre monitoramento ilegal feito pela Abin, iniciada nesta segunda-feira (29).
O gabinete e a casa de Carlos, no Rio de Janeiro, foram alvo de busca e apreensão. O vereador, inclusive, divulgou vídeo de seus pertences revirados onde mora nesta terça-feira (20), após a operação (assista abaixo).
No entanto, o eletrônico estava com um militar que foi cedido à agência durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a PF, Carlos seria o idealizador do esquema "Abin paralela", que teria entrado em vigor quando o órgão era chefiado por Ramagem, entre julho de 2019 e março de 2022.
O atual deputado federal foi um dos alvos da fase anterior da operação, que ocorreu na quinta-feira (25). O segundo filho de Bolsonaro teria designado missões ao diretor - por exemplo, provar uma suposta ligação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes Alexandre Moraes com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como a Abin monitorava autoridades paralelamente?
A PF suspeita que a Abin foi usada durante o governo de Bolsonaro para monitorar ilegalmente várias autoridades e pessoas envolvidas em investigações, além de desafetos do ex-presidente.
As investigações apontam que foram usadas ferramentas de geolocalização de celulares sem autorização judicial. O monitoramento seria feito usando ferramentas da agência para ações ilícitas, “produzindo informações para uso político e midiático".
O objetivo seria a ”obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal".
Uma das ferramentas usadas era o software FirstMile, que permite a consulta de até 10 mil aparelhos de celular a cada 12 meses.
Em outubro, a PF afirmou que o sistema havia sido usado mais de 30 mil vezes, incluindo 2,2 mil usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.
Quem foi monitorado?
As investigações apontam o monitoramento de autoridades, entre elas:
- O então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia;
- A então deputada federal Joice Hasselmann;
- O ex-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia;
- O advogado Roberto Bertholdo.
Por quais crimes os investigados podem responder?
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de:
- Invasão de dispositivo informático alheio,
- organização criminosa e
- interceptação de comunicações telefônicas ou de informática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.