
A delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, alega que o ex-presidente trabalhava para provar alguma fraude nas urnas eletrônicas e buscava convencer as Forças Armadas a aderirem a um golpe de Estado. A delação premiada teve o sigilo suspenso por Alexandre de Moraes nesta quarta-feira (19).
No documento, Cid alega que Bolsonaro não queria interferir nos manifestantes bolsonaristas que estavam nas ruas e acampados em quartéis do Exército e que pediu para os caminhoneiros não pararem o país. Ele afirmou ainda que acredita que Bolsonaro só não assinou a minuta do golpe redigida pelo assessor Felipe Martins porque não teve apoio dos comandantes do Exército e Aeronáutica.
A delação fala ainda que após as eleições, Bolsonaro recebia visitas e conselhos de três grupos distintos. O primeiro o aconselhava a ser um grande líder da oposição, o segundo, moderado, entendia que nada deveria ser feito diante dos resultados e que um golpe militar não era necessário.
Esse segundo grupo, formado pelo comandante do Exército da época, o general Freire Gomes, também tinha medo de que Bolsonaro "assinasse uma doideira" e que o general estava preocupado com a situação e com o grupo mais radical que tentava o convencer a cometer o golpe de Estado.
O grupo mais radical seria composto pelo ex-ministro Onix Lorenzone, o senador Jorge Seiff, o ex-ministro Gilson Machado, o senador Magno Malta, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, a então primeira-dama Michelle Bolsonaro e o general Mario Fernandes. Este general, inclusive, tentava convencer integrantes das Forças Armadas a executarem um golpe de Estado.
Michelle Bolsonaro, segundo Cid, instigava o então presidente a cometer o golpe alegando que ele tinha apoio do povo e de CACs - Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador - para dar o golpe. Braga Netto, então candidato à vice-presidência derrotado, seria o elo entre manifestantes em quartéis do Exército e Bolsonaro.