A Amazônia registrou, no primeiro bimestre de 2024, o menor índice de desmatamento dos últimos seis anos - desde 2018. Os dados foram divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), nesta segunda-feira (18).
A devastação em janeiro e fevereiro deste ano atingiu 196 km², 63% menor do que nos meses de 2023, na qual a destruição atingiu 523 km². A área desmatada corresponde a mais do que os territórios de algumas capitais brasileiras, como Vitória (97 km²), Natal (167 km²) e Aracaju (182 km²).
Apesar de ter tido resultado positivo na diminuição das áreas desmatadas, o primeiro bimestre de 2024 apresentou um desmatamento acima do registrado em comparação aos bimestres de 2008 (inauguração do monitoramento por satélite) a 2017. Em todos os outros anos, a derrubada permaneceu abaixo dos 150 km².
“Esses dados mostram que ainda temos um grande desafio pela frente. Atingir a meta de desmatamento zero prometida para 2030 é extremamente necessário para combater as mudanças climáticas. Para isso, uma das prioridades do governo deve ser agilizar os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e quilombolas e de criação de unidades de conservação, pois são esses os territórios que historicamente apresentam menor desmatamento na Amazônia”, diz Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Maranhão e Roraima ultrapassam a extensão de áreas desmatadas
Dois dos nove estados que integram a Amazônia Legal apresentaram um aumento de florestas degradadas. O Maranhão, teve aumento de 150%, onde a devastação passou de 2 km² em fevereiro de 2023 para 5 km² no mesmo mês deste ano. Já em Roraima, a destruição foi de 19 km² para 26 km², 37% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
Entretanto, na somatória do bimestre, apenas o Maranhão fechou com alta, ultrapassando a marca de 7 km² para 8 km², um aumento de 14% em relação a 2023.
“Apesar da área desmatada no Maranhão ter sido a sexta menor no bimestre, esse aumento requer atenção, uma vez que todos os outros estados tiveram queda. Observamos que a derrubada neste estado está avançando para dentro dos territórios de áreas protegidas, como a Reserva Biológica do Gurupi e a Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra”, comenta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Mato Grosso, Roraima e Amazonas lideram ranking de desmate no bimestre
As áreas mais desmatadas no primeiro bimestre de 2024, são Mato Grosso (32%), Roraima (30%) e Amazonas (16%). As três somam 152 km² de florestas derrubadas nos dois primeiros meses do ano, representando 77% de toda a destruição detectada na Amazônia.
Em Roraima, a devastação tem avançado para os territórios dos povos originários. Em janeiro, metade das dez terras indígenas com maior desmatamento ficavam no estado. Já no mês seguinte, foram quatro.
Enquanto no Amazonas, os pesquisadores se surpreenderam com a expansão do desmatamento nos assentamentos.
“Esses três estados apresentaram redução no desmatamento se compararmos este bimestre com o mesmo período do ano passado, com quedas de 74% em Mato Grosso, 59% no Amazonas e 3% em Roraima. Porém, para sair do topo do ranking, precisam intensificar suas ações de combate à derrubada nas áreas críticas e criar mais incentivos para a economia com a floresta em pé”, acrescenta Larissa.
Pará superou as expectativas de desmatamento em relação aos anos anteriores
Anteriormente, o Pará liderou como o estado que mais desmatou a Amazônia. No primeiro bimestre de 2024, o estado demonstrou redução de 70% na devastação em comparação ao mesmo período de 2023.
Dessa forma, ficou em quarto lugar no ranking dos estados que mais desmataram a floresta no primeiro bimestre deste ano, com 26 km², 13% do registrado em toda a região.