O Instituto Butantan espera disponibilizar a vacina Butanvac contra o novo coronavírus até o final do ano. Na quarta-feira (9), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o início da fase de testes clínicos em voluntários.
Em entrevista nesta quinta-feira à BandNews TV, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, comemorou a autorização - o que classificou como “um avanço”. Segundo o pesquisador, o período de testes deve ser curto. Caso aprovada, poderá começar a ser distribuída rapidamente.
“A vacina já está sendo produzida pelo Butantan. Estamos com dois processos. Um é a produção da vacina propriamente dita, e o outro é o estudo clínico que vai levar à autorização final do processo para que ela seja usada”, explicou.
“Será um estudo muito curto, de 17 a 20 semanas de duração. Portanto, antes do final desse ano, podemos ter de fato a autorização, e a vacina estará disponível nesse momento”, acrescentou.
Enquanto a Coronavac produzida pelo Butantan depende da importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), enviado da China, a Butanvac é feita com ovos de galinha, o que agiliza a produção. A vacina nacional seria aplicada em duas doses, com intervalo de 28 dias entre elas.
A meta, segundo Dimas Covas, é que a produção também possa ser exportada para outros países.
“O Butantan produz essa vacina na expectativa de fornecimento principalmente para os países mais pobres do mundo, onde a pandemia vai se concentrar nos próximos meses”, explicou o médico. “Essa é uma vacina de baixo custo, feita com uma tecnologia disponível em vários países do mundo. Portanto, pode ser uma alternativa.”
A expectativa, segundo ele, é que a Butanvac também tenha eficácia comprovada contra variantes mais recentes da Covid-19.
“Isso hoje é uma preocupação muito grande. As vacinas da primeira geração são eficientes, mas não têm a mesma eficiência contra todas as variantes, principalmente essas variantes que são consideradas mais agressivas. Precisamos de vacinas aperfeiçoadas do ponto de vista de resposta protetora”, explicou.
Outras vacinas
Enquanto a Butanvac não é 100% liberada para a população, o Instituto Butantan segue a produção da Coronavac. Até aqui, segundo Dimas Covas, foram entregues 47 milhões de doses. A instituição tem o compromisso de entregar mais 53 milhões de doses até setembro.
“Devemos agora regularizar o fluxo de produção”, explicou o médico, em referência a problemas recentes com a falta de matéria-prima. “Esperamos que haja a normalização desse fluxo de IFA da China, e que possamos de fato cumprir esse cronograma.”
De qualquer forma, o médico pediu para que a população não faça escolha de fabricante na hora da aplicação. No Brasil, a única restrição da Anvisa diz respeito à aplicação do imunizante da AstraZeneca em gestantes.
“A melhor vacina é a que chega ao braço. Todas as vacinas que estão em uso no Brasil são vacinas aprovadas pela Anvisa, então passaram por um crivo de qualidade, de eficácia. É importante que as pessoas tomem a vacina”, orientou.