Direita de Le Pen e esquerda de Mélenchon representam extremos, avalia professor

Em entrevista à Band, professor da USP também destacou que eventual governo de esquerda, na França, pode prejudicar acordo comercial entre UE e Mercosul

Por Édrian Santos

Nos últimos dias, a internet se dividiu sobre o uso de termos para categorizar as forças políticas na França, dadas as eleições legislativas ocorridas no último domingo (7). Analistas destacaram o extremismo da direita liderada por Marine Le Pen, enquanto a própria e apoiadores negam tal adjetivo. Em entrevista ao Band Jornalismo, o professor Solano de Camargo explicou essa confusão acerca das nomenclaturas.

Professor de direito internacional da Universidade de São Paulo (USP), Solano destacou que tanto à direita como à esquerda, em relação às eleições na França, há extremismo. Para ele, o discurso de campanha pregado por Le Pen, sobretudo contra imigrantes, e o de Mélenchon, voltado à tributação excessiva, emulam o que se entende como extrema-direita e extrema-esquerda, respectivamente.

“A partir do momento em que a Marine Le Pen considera que os imigrantes têm que sair da República, ao mesmo tempo em que o Mélenchon acha que se tem que taxar grandes fortunas em montantes superiores ao que já se paga de imposto, que é muito elevado quando comparado com outras jurisdições europeias, nós podemos enxergar, claramente, que ambos representam os extremos de cada uma das suas respectivas agremiações”, considerou Solano.

Solano ainda analisou a repercussão para o Brasil e América do Sul num eventual governo de esquerda na França, no contexto das tratativas do acordo comercial da União Europeia e Mercosul. Segundo o especialista, tal possibilidade poderia dificultar as negociações, pois o campo progressista francês tende a ser mais protecionista, ao contrário de gestões mais liberais.

“Num eventual governo da coalizão de esquerda, isso seria muito pior para os interesses econômicos brasileiros. Por incrível que pareça, um governo de direita seria mais liberalizante e, possivelmente, mais aberto a trocas econômicas”, ponderou o professor.

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