A falta de insumos para a fabricação de vacinas contra o coronavírus, a velocidade da imunização dos brasileiros, a produção nacional de doses e as novas variantes da Covid-19 foram alguns dos temas discutidos no Fórum BandNews FM: Vem, Vacina!, realizado nesta quinta-feira (20).
O debate faz parte das comemorações do aniversário de 16 anos da rádio e foi transmitido, ao vivo, no dial e, também, com imagem e som, no YouTube e demais redes sociais da BandNews FM. O Fórum BandNews FM: Vem, Vacina! teve como mediadores os âncoras da BandNews FM Luiz Megale e Sheila Magalhães.
O diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, participou do debate logo após de uma reunião com governadores, incluindo o paulista João Doria, e o Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming.
Ele classificou a reunião como “produtiva” e revelou que o representante de Pequim se comprometeu a conversar com o governo chinês para tentar sensibilizar o País a liberar mais insumos para o Brasil. Dimas Covas explicou que a situação ainda é “complexa”, pontuando que o “relacionamento político faz diferença”, mas não é determinante. Contudo, o atraso e a revisão de envios de insumos vão impactar na produção e entrega da CoronaVac ao Ministério da Saúde.
“Projetamos, de fato, um atraso no cronograma [de entrega de vacinas] dependendo do volume e do momento em que vão chegar, e esperamos que isso se regularize”, acrescentou o diretor-presidente do Instituto Butantan, que prevê para o ano que vem o início da fabricação nacional do insumo. Covas ainda destacou que a ButanVac, vacina nacional contra o coronavírus, deve começar a ser produzida ainda em 2021.
Os 3 mil litros de IFA, que devem chegar ao Brasil em 25 de maio, são suficientes para a produção de 5 milhões de doses. O acordo do segundo contrato com o Ministério da Saúde prevê a entrega de mais 54 milhões de unidades.
Além de fornecer insumos para mais de 100 países, a China voltou a aumentar a produção local de imunizantes após o surgimento de novos casos da Covid-19.
A fábrica chinesa da Sinovac, que tem contrato com o Butantan para envio da matéria-prima necessária, tem cumprido o contrato e que os atrasos são fruto da obrigatoriedade de autorização de Pequim para o embarque das cargas.
Vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger também alertou para a dificuldade global de obtenção do produto para se fabricar o imunizante da Oxford/Astrazeneca, mas ressaltou que a instituição, até o momento, recebeu os lotes do IFA dentro do cronograma.
“Como no caso do Butantan, essa é uma dificuldade constante que temos de enfrentar a cada mês. Aumentamos a capacidade de produção para um nível superior ao ritmo de entrega do IFA”, completou.
Distribuição de imunizantes
Os representantes da Organização Mundial da Saúde, do Instituto Butantan, da Fiocruz e da União Química foram unânimes ao apontar que o mundo – com algumas exceções – enfrenta dificuldades na produção, obtenção e distribuição das vacinas contra a Covid-19.
A diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde e responsável pela área de acesso a Medicamentos e Vacinas, Mariângela Simão, citou os atrasos na entrega das doses da AstraZeneca/Oxford na Europa, que só recebeu 30% do que foi contratado.
A OMS aprovou, até o momento, o uso de cinco imunizantes; a CoronaVac está em fase final de análise e a Sputnik V em uma etapa mais inicial.
Vacina Sputnik V no Brasil
Já o diretor-científico do grupo União Química, laboratório que produz a vacina Sputnik V no Brasil, comemorou o primeiro lote fabricado na unidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, com 40 mil doses do imunizante russo.
“Esse produto será exportado, não ficará no País, porque ainda não temos registro no Brasil”, explicou Miguel Giudicissi Filho, que citou interesse de países como Argentina, Paraguai, Bolívia e Hungria.
Já na unidade da União Química de Brasília serão produzidos insumos para a fabricação da Sputnik V, que já teve amostras enviadas para análise no Instituto Gamaleya, na Rússia.