Foram confirmadas nesta terça-feira (10/10) as mortes de dois brasileiros que estavam no festival de música em Israel. O evento foi um dos alvos da ofensiva do Hamas no fim de semana.
A família de Bruna Valeanu confirmou que a brasileira de 24 anos foi encontrada morta, após desaparecer durante o ataque do Hamas ao país. Ela era natural do Rio de Janeiro. A última vez que ela falou com a família foi no sábado, por volta das 9h.
Mais cedo, o governo brasileiro havia confirmado a morte de Ranani Nidejelski Glazer, de 24 anos, a qual já havia sido relatada por familiares na segunda-feira.
Ele era natural de Porto Alegre, onde estudou no Colégio Israelita, tinha cidadania israelense. Ele também havia servido o exército de Israel e vivia há sete anos no país, onde trabalhava como entregador em Tel Aviv. O pai do jovem também mora em Israel, enquanto a mãe, na capital gaúcha.
Glazer estava com a namorada, Rafaela Treitsman, e um amigo, Rafael Zimerman, também brasileiros, no festival Supernova Sukkot, parte da turnê mundial do Universo Paralello, um festival de música eletrônico criado originalmente no Brasil nos anos 2000.
No sábado, o festival, que reunia milhares de pessoas, foi interrompido pela chegada de dezenas de homens armados, alguns em motocicletas, que penetraram pelas cercas da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza, enclave palestino controlado pelo grupo terrorista Hamas. O evento ocorria no deserto de Negev, a menos de 20 quilômetros de Gaza.
Vários vídeos mostraram centenas de pessoas fugindo do festival enquanto eram alvos de tiros. De acordo com o brasileiro Zimerman, ao perceberem o ataque, o trio de brasileiro fugiu e procurou refúgio em um bunker. Eles permaneceram por cerca de três horas, até que o local também passou a ser alvo de ataques. Mais tarde, o trio deixou o abrigo. Zimerman e Rafaela não encontraram mais Ranani.
Dentro do bunker, Ranani chegou a publicar um vídeo em uma rede social no qual disse que "[...] No meio da rave, a gente parou num bunker, começou uma guerra em Israel. [...] Vamos esperar dar uma baixada nisso, mas, cara, foi cena de filme agora, gente correndo quilômetros, para achar um lugar seguro [...]."
Brasileira segue desaparecida
Na segunda-feira, serviços de emergência de Israel afirmaram que localizaram 260 corpos no local do festival.
Desde domingo, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil contabilizou um brasileiro ferido – Rafael Zimerman – e originalmente três desaparecidos – incluindo Ranani e Bruna. O paradeiro de Karla Stelzer Mendes continua desconhecido. Nesta segunda-feira, o Itamaraty autorizou o resgate de cerca de 900 cidadãos brasileiros até o próximo sábado.
Outros brasileiros participavam do festival. Em publicações no Instagram, o carioca Nathan Obadia, de 30 anos, disse que foi alvo de uma "rajada de tiros" por cerca de 15 a 20 minutos durante o ataque.
Os terroristas também raptaram várias pessoas que foram levadas para Gaza. Um vídeo mostra terroristas desfilando com o corpo de uma mulher no compartimento de carga de um veículo. Não estava claro se ela estava morta ou inconsciente.
Segundo os próprios familiares, a mulher exibida nas imagens é a tatuadora alemã-israelense Shani Louk. A mãe dela, Ricarda Louk, disse à revista alemã Der Spiegel que reconheceu a filha nos vídeos. E confirmou que ela estava no festival.
Vários outros cidadãos alemães-israelenses foram sequestrados, de acordo com informações divulgadas por uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.
Vários estrangeiros entre as vítimas
Dezenas de estrangeiros estão entre as vítimas do ataque surpresa executado pelo Hamas no último final de semana – boa parte delas frequentava o festival de música eletrônica.
Até o momento, segundo a agência de notícias AFP, 18 tailandeses tiveram suas mortes confirmadas, nove ficaram feridos e 11 foram sequestrados pelos terroristas. O vice-ministro das Relações Exteriores da Tailândia, Jakkapong Sangmanee, disse que cerca de 5 mil cidadãos do país foram evacuados de áreas de alto risco e "mais de 3 mil estão pedindo para retornar".
Nesta segunda-feira, os Estados Unidos confirmaram a morte de pelo menos 11 cidadãos americanos e disseram ser "provável" que outros estejam entre os reféns mantidos pelo Hamas.
Pelo menos dez nepaleses, duas ucranianas, um russo e sete argentinos foram mortos. Outros 15 argentinos estão desaparecidos.
Quatro franceses também morreram. E uma criança de 12 anos está entre os 14 cidadãos franceses desaparecidos depois dos ataques.
Há relatos de governos de diversos outros países devido a cidadãos desaparecidos ou sequestrados pelo Hamas, a exemplo de Reino Unido, Canadá, Camboja, Chile, Itália, Peru, Paraguai, Áustria, Sri Lanka, México, Colômbia, Panamá e Irlanda.
Conforme informações publicadas pelo jornal britânico The Guardian, parentes de vítimas foram orientados a se dirigirem a uma delegacia de pessoas desaparecidas e indicados a levar itens como escovas de dentes, que podem conter DNA.
gb (AFP, ots)