O coronel Jean Lawand Júnior negou que as mensagens trocadas com o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, tinham o objetivo de incitar um golpe de Estado. A declaração foi feita em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro.
Lawand classificou como infelizes os trechos de mensagens que revelam uma divisão do Exército no apoio a Bolsonaro, contrapondo o alto comando ao restante da corporação. “Em nenhum momento eu falei sobre golpe, em nenhum momento eu atentei contra a democracia brasileira, em nenhum momento eu quis atentar ou agredir qualquer uma das instituições”, afirmou.
Em resposta aos questionamentos da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o militar declarou que com a vitória de Lula nas eleições, passou a ter ideias antagônicas e disse que, na opinião dele, o então presidente Bolsonaro poderia ter feito uma fala de apaziguamento.
Atentados em Brasília
O coronel Lawand também negou a ligação entre o ex-presidente e os episódios de 12 de dezembro, com a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, em Brasília, e de 24 de dezembro, com a colocação de uma bomba próxima ao aeroporto da capital federal.
“Eu não atribuo ao presidente Bolsonaro os atentados. Uma palavra dele faria com que as pessoas que estavam nas ruas retornassem aos seus lares e continuassem as suas vidas”, disse.
Durante o depoimento, o coronel ressaltou que, caso houvesse uma convulsão social provocada pela parcela da população descontente com o resultado das eleições, a culpa poderia ser atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sobre a mensagem de que “teria que ser o povo” a tomar uma atitude, ele negou que estivesse se referindo a um golpe e explicou o teor do texto. “É o povo que vai ter que se conscientizar de que não vai haver uma ordem presidencial, não vai ser atendido naquilo que pleiteia e vai ter que voltar para casa”, afirmou o coronel.