Enchente na Espanha: governo envia mais 10 mil brigadistas para auxiliar nas buscas

Ao menos 7 mil soldados, 5 mil policiais e 15 mil voluntários atuam nas áreas atingidas. Mortos chegam a 211. Dezenas seguem desaparecidos.

Por Deutsche Welle

undefined undefined

O governo espanhol enviou 10 mil agentes de segurança para auxiliar nas buscas por desaparecidos na região de Valência, leste do país, atingida por uma enchente de grandes proporções que deixou 211 mortos nesta semana.

São 5 mil soldados e 5 mil policiais que vão somar esforços para recuperar as áreas devastadas e limpar os escombros. Diversos vilarejos na região foram tomados pela lama, que levou carros, móveis e objetos pessoais e espalhou lixo pelas ruas.

Somado a outros 2 mil soldados que já atuam no local, esse é o maior emprego de forças do Exército espanhol em tempos de paz, disse o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, neste sábado (02/11).

Além dos reforços, cerca de 15 mil voluntários já atuam nas áreas afetadas. A prefeitura de Valência montou um centro para coordenar os grupos de resgate.

O ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, disse que o número de mortos pode aumentar neste final de semana, enquanto as buscas ainda avançam em áreas de difícil alcance.

A esperança de encontrar sobreviventes é mais escassa agora, mais de três dias após a chuva submergir vilarejos. A avaliação é que muitas pessoas tomadas como desaparecidas serão encontradas sem vida, em especial devido à grande quantidade de carros levados pela enchente.

Quase todas as mortes foram registradas na região de Valência, onde se concentra a maior atividade dos serviços de segurança e de emergência. Esta já é considerada a segunda enchente mais mortal da Europa neste século, atrás apenas das tempestades que deixaram 222 pessoas mortas na Alemanha e na Bélgica, em 2021.

Resposta ao desastre

As autoridades da região de Valência restringiram o acesso às estradas por dois dias para permitir que os serviços de emergência realizem operações de busca, resgate e logística com mais eficiência.

A maior parte da distribuição de água já foi retomada, mas muitas cidades ainda estão com redes de telefone e transporte severamente danificadas, e sem acesso a água e comida. A eletricidade de 94% das residências afetadas foi restaurada.

Mais de 2 mil veículos foram danificados e centenas de toneladas de detritos e lama já foram removidos. O tráfego ferroviário foi restabelecido entre Barcelona e Valência, enquanto estão as linhas entre Madri e Valência seguem em manutenção.

Milhares de litros de água e alimentos foram distribuídos até agora. O município também recebeu cinco estações de purificação de água, tanques de água, 200 banheiros portáteis e 4 mil kits de cozinha e higiene para atender a população.

Brigadas florestais foram mobilizadas para ajudar a limpar os leitos e margens dos rios e para ajudar a reparar a infraestrutura danificada.

Apesar dos esforços, o governo tem sido criticado pela falha dos sistemas de alerta antes das enchentes, e alguns moradores atingidos reclamaram que a resposta ao desastre está sendo muito lenta.

"Estou ciente de que a resposta não é suficiente, há problemas e escassez grave... cidades soterradas pela lama, pessoas desesperadas procurando por seus parentes... temos que melhorar", disse o premiê espanhol.

Comissão de ministros tenta diminuir impacto econômico

Uma comissão interministerial será criada nesta semana para trabalhar pela reconstrução e recuperação econômica nas áreas afetadas.

O ministério das Finanças e a vice-presidência do governo autorizaram Valência a fazer todas as despesas emergenciais necessárias, "sem qualquer limite de recurso".

Ainda foram criadas cem posições administrativas para interinos que se juntarão a subdelegações do governo a partir de segunda-feira, para acelerar o processamento da ajuda financeira.

O governo também solicitou à Comissão Europeia recursos do Fundo Europeu de Solidariedade.

A tempestade que provocou as enchentes na terça-feira se formou quando o ar frio se deslocou sobre as águas quentes do Mediterrâneo, um movimento comum nesta época do ano.

Mas os cientistas alertam que as mudanças climáticas impulsionadas pela atividade humana estão aumentando a densidade, a duração e a frequência desses eventos extremos.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Carregar mais