Entrada de investidor externo na Bundesliga gera protestos

Torcedores alemães das duas principais divisões de futebol vêm organizando manifestações após Liga Alemã de Futebol (DFL) aprovar possibilidade de venda de parte dos seus direitos comerciais.

Por Deutsche Welle

Torcedores da Bundesliga e da Bundesliga 2 de toda a Alemanha têm organizado protestos contra a decisão da Liga Alemã de Futebol (DFL) de abrir caminho para a venda de 8% dos seus direitos comerciais para um investidor externo.

As manifestações têm envolvido principalmente protestos silenciosos no início dos jogos e exibição de faixas contra a decisão. Em alguns casos, torcedores têm atirado objetos nos gramados durante as partidas e, em pelo menos um incidente mais sério, entrado em confronto com a polícia.

Em 11 de dezembro, 24 das 36 equipes das duas divisões do futebol alemão votaram a favor de um plano para permitir investimento de capital privado em troca de uma parte dos direitos de TV nas próximas duas décadas.

O plano não foi bem recebido por parte da torcida alemão. Neste fim de semana, torcedores de todas as 36 equipes das duas divisões anunciaram que permaneceriam em silêncio durante os primeiros 12 minutos de suas partidas. Várias partidas também foram interrompidas por outros protestos.

Neste sábado, torcedores do Union Berlin jogaram bolas de tênis e moedas de chocolate no gramado, forçando uma breve interrupção da partida contra o VfL Bochum.

O atacante Takuma Asano comeu uma das moedas de chocolate durante e fez o gol de abertura do Bochum pouco antes do intervalo.

Protestos deixam feridos

Já uma série de protestos na sexta-feira tiveram efeitos mais sérios. Um jogo entre os times da segunda divisão Paderborn e Hansa Rostock chegou a ser interrompido depois que os torcedores do Rostock lançaram fogos de artificio no gramado.

Torcedores do Rostock e policiais também entraram em confronto, enquanto o Paderborn registrou um prejuízo estimado em 100 mil euros (R$ 540 mil) em seu estádio. Antes dos incidentes mais violentos, torcedores das duas equipes já haviam permanecido em silêncio no início da partida, como forma de protesto.

"Um total de oito seguranças e 12 policiais sofreram ferimentos, uma policial teve de ser tratada no hospital por causa de um corte", disseram o Paderborn e a polícia em um comunicado conjunto, no qual afirmaram ainda que os torcedores envolvidos no incidente agiram com “alta energia criminosa”. Além disso, dois carros da polícia, bem como barracas de alimentação, instalações sanitárias e controles de entrada foram danificados.

"Não é suficiente pedir desculpas e nos distanciar, haverá punição severa. Teremos que falar sobre consequências claras", disse o diretor-executivo do Rostock, Robert Marien, ao jornal Bild no sábado.

Em outro episódio na sexta-feira, o silêncio de 12 minutos no início do confronto entre o Borussia Mönchengladbach e Werder Bremen pela Bundesliga foi interrompido por cinco minutos depois que torcedores jogaram moedas no gramado.

"Não foi nada divertido, me fez lembrar do coronavírus", disse o meio-campista do Bremen, Leonardo Bittencourt, sobre o silêncio dos torcedores, referindo-se aos jogos realizados sem espectadores pagantes durante a pandemia.

A DFL afirmou que pretende impulsionar seu modelo de negócios e marketing internacional com a renda que receberá do parceiro estratégico, que não terá voz ativa em questões esportivas, como tabelas de jogos.

Pelo modelo, receitas dos direitos de transmissão e de outras propriedades comerciais poderão agora ser parcialmente cedidas para um futuro parceiro (ainda não definido) pelos próximos 20 anos, em troca de aporte antecipado para os clubes – um valor que pode chegar a 1 bilhão de euros.

Para iniciar as negociações, era necessário o apoio de dois terços dos clubes da Bundesliga. Dos 36 clubes, 24 votaram a favor.

A Bundesliga é a segunda maior liga de futebol da Europa em termos de receita, depois da Premier League, da Inglaterra.

Jps (dpa, DW, Reuters)

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