A vacinação contra o novo coronavírus no Brasil precisa ser rápida para que surta o efeito desejado contra a pandemia.
Esta foi a avaliação da cientista e epidemiologista Denise Garrett, em entrevista ao programa Ponto a Ponto, da BandNews TV, desta quarta-feira (2). Para a médica, o caso do estudo da cidade de Serrana (SP) é bastante emblemático e oferece uma orientação às autoridades de saúde pública do Brasil.
Com cerca de 45 mil habitantes, o município paulista aplicou duas doses da CoronaVac em quase toda sua população adulta. O estudo mostrou que a pandemia pode ser controlada com 75% da população vacinada. Na cidade, a vacinação reduziu o número de casos sintomáticos em 80%, o de internações em 86% e o de mortes em 95%.
“O estudo de Serrana foi um estudo muito encorajador, com resultados muito bons. O que a gente viu em Serrana? Que quando você vacina a maior parte da população, de uma maneira rápida, você tem uma proteção que envolve não apenas os vacinados, mas você tem aquilo que a gente chama de proteção coletiva, indireta, que protegeu aquelas pessoas não vacinadas”, explicou Denise Garrett em entrevista à jornalista Mônica Bergamo e ao cientista político Antonio Lavareda.
“Uma das perguntas a serem respondidas é quanto tempo dura essa proteção. Além disso, a população é dinâmica: entra gente, sai gente, morrem pessoas, nascem pessoas. Você introduz pessoas novas que são ainda suscetíveis ao vírus. Esse limiar da imunidade coletiva é um limiar dinâmico”, acrescentou.
A médica, que é vice-presidente do Sabin Vaccine Institute e foi integrante do CDC (Centro de Controle de Doenças, do Departamento de Saúde dos Estados Unidos), comparou o caso da cidade paulista ao da vacinação em Israel, também feita com celeridade. E lembrou ainda o risco com novas variantes diante da demora na vacinação.
“Você tem um outro fator também, que é a possível introdução de novas variantes, que são mais transmissíveis”, completou.
Até aqui, o Brasil já aplicou pelo menos uma dose de vacina em 22,3% da população. O percentual de pessoas imunizadas com duas doses de vacinas no País é de 10,7% da população.
No entanto, como não há estudos ainda a respeito da duração da imunidade das vacinas, Denise Garrett reforça o pedido por pressa nas aplicações. Ela lembra que ainda não há dados sobre a necessidade de um futuro reforço imunológico – como uma terceira dose.
“A gente precisa desses dados para a CoronaVac”, disse, lembrando o exemplo do estudo em Serrana. “Quanto tempo dura essa proteção? Tenho certeza de que estarão fazendo um acompanhamento da população de Serrana para termos essa resposta.”
Além disso, a epidemiologista reforçou a necessidade de medidas de prevenção, mesmo entre populações vacinadas. Em especial, o uso de máscaras.
“Máscara funciona, máscara é super eficaz. Junto com a vacina, as medidas vão se somando”, lembrou. “A máscara é a última coisa que a gente deve deixar de fazer. É uma medida simples de ser feita e é uma medida que a gente sabe que tem um impacto grande.”