Os Estados Unidos confiscaram nesta segunda-feira (02/09), na República Dominicana, o avião oficial do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A aeronave, usada pelo ditador em viagens oficiais, foi levada para a Flórida.
O Departamento de Justiça americano confirmou a informação e alegou que a apreensão ocorreu porque sua compra foi ilegal, violando sanções americanas e outras questões criminais.
Em comunicado, o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, afirmou que o avião foi comprado por 13 milhões de dólares (o equivalente a R$ 73 milhões) por uma empresa de fachada e contrabandeada para fora dos Estados Unidos.
A operação envolveu o trabalho de diversas agências americanas, como o Departamento de Investigações de Segurança Interna e o Departamento de Justiça, em colaboração com o governo da República Dominicana, que notificou a Venezuela da apreensão.
A aeronave estava há meses no país da América Central, mas foi fotografada anteriormente em várias visitas de Estado de Maduro ao redor do mundo. Seu confisco é simbólico dentro do contexto de contestação dos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho.
A oposição afirma ter tido acesso a registros de votação que provam a vitória do candidato de oposição Edmundo González Urrutia.
Além de EUA e República Dominicana, diversos países, como Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai, não reconhecem a reeleição do autocrata para um terceiro mandato de seis anos, anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, órgão comandando por aliados do regime chavista.
Milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades ao redor do mundo para pressionar o governo da Venezuela a divulgar os detalhes das eleições presidenciais de julho.
Em sua última manifestação sobre a situação no país vizinho, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a realização de novas eleições.
Histórico de tensões
Os EUA impõem sanções a pessoas e entidades da Venezuela desde 2005, como resposta a ações antidemocráticas do governo local.
Em abril deste ano, Washington reverteu parcialmente o alívio das sanções ao petróleo e gás venezuelano, acusando o presidente Nicolás Maduro de não cumprir seus compromissos eleitorais com a desqualificação da principal candidata da oposição, María Corina Machado.
Na semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que a recusa contínua do CNE em defender os padrões internacionais de transparência é uma "violação inaceitável" das leis do país. Até hoje, o órgão não tornou públicos os boletins de votação – registros dos votos em cada sessão eleitoral.
Miller também criticou a tentativa do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que acusa ser controlado por Maduro, de "silenciar as vozes" dos eleitores que contestam o anúncio da reeleição. O tribunal validou a vitória do chavista.
Em resposta, o governo da Venezuela garantiu que "não deve explicações” aos Estados Unidos sobre a reeleição de Nicolás Maduro.
Desde 28 de julho, a Venezuela vive uma grave crise política, com perseguição de opositores e violência. A repressão aos protestos contra os resultados anunciados deixaram 27 mortos e pelo menos 192 feridos, além de mais de 2.400 presos.
sf (EFE, ots)