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Ex-advogado de mãe de Henry e Jairinho teria cobrado R$ 2 milhões para defender casal

Em trecho de cartas escritas na prisão, Monique Medeiros relata "versões combinadas"

Da Redação, com BandNews FM Rio

O primeiro advogado de defesa de Monique Medeiros e do vereador Jairinho, mãe e padrasto do pequeno Henry Borel, teria dito à professora que era casado, pai de 4 filhos, muito religioso e que não pegava casos de homicídios se não acreditasse na inocência dos clientes. As informações são de Ryan Lobo, da BandNews FM Rio.

A afirmação é de Monique Medeiros, através de cartas escritas na cadeia. Segundo ela, André França Barreto teria cobrado R$ 2 milhões para defender o casal, com a condição de que os dois combinariam uma versão inventada por ele.

Monique diz que o primeiro encontro com o advogado aconteceu na casa do pai de Jairinho, o Coronel Jairo, ex-deputado estadual, investigado na CPI das Milícias. Ela conta que o advogado separou o casal, e fez entrevistas particulares. À professora, André França Barreto teria questionado sobre o relacionamento de Monique com o ex-marido e pai de Henry, Leniel Borel.

Segundo ela, Barreto pediu detalhes sobre a época em que os dois se conheceram, a gravidez de Henry, separação, além de detalhes sobre o início do namoro com Jairinho e o relacionamento conturbado dela com o político.

Entre o dia da morte de Henry e o depoimento de Monique, a professora teria encontrado com o advogado quase todos os dias, para ensaiar a versão criada por ele.

No dia do depoimento, Monique diz que a roupa dela foi escolhida pelo advogado, e que ele teria combinado um código para ela não esquecer alguns "pontos chaves", dando chutes por baixo da mesa. Ainda segundo ela, o vereador Jairinho teria pedido para que Monique tomasse calmantes antes e após o interrogatório, para causar a impressão de tranquilidade.

Depois, a professora diz que houve uma reunião na residência do casal, local do crime, para "comemorar o suposto sucesso" dos depoimentos. Monique disse que André França Barreto passou a pensar em coagir a faxineira e a babá que trabalhavam na casa dela. Leila Rosângela e Thayná de Oliveira teriam sido orientadas a mentir aos policiais, o que foi feito no primeiro depoimento. Depois, elas foram ouvidas novamente, e mudaram a versão de que não tinham conhecimento das agressões cometidas por Jairinho.

Procurado, o advogado André França Barreto nega que tenha alterado a versão apresentada por Monique e Jairinho, e que sempre agiu com ética e com medidas técnicas.


“Ruim, doente, psicopata e esquizofrênico”

Em outro trecho revelado nesta segunda (3), Monique Medeiros, definiu o vereador Jairinho, como um homem “ruim, doente, psicopata e esquizofrênico”. No documento, Monique afirma que diversas vezes foi xingada e ofendida pelo político, que é muito ciumento, segundo ela.


"Me perdoe por tudo"

No último domingo (2), a Band teve acesso a duas cartas enviadas por Monique Medeiros. Uma delas foi destinado ao delegado do caso e a outra para seu ex-marido, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai do menino. 

Para o antigo companheiro, Monique se mostra arrependida. “Me perdoe por tudo. Eu não sabia o que estava acontecendo”, declarou. 

No relato escrito ao delegado, Monique implorou mais uma chance para contar sua histórias, sem mentiras e de uma vez por todas. "Senhor delegado, peço humildemente que o senhor me dê mais uma chance em ser ouvida. Preciso dar a versão verdadeira do que aconteceu. Esse relato é apenas um desabafo de uma mãe que clama pela verdade. Há muito a ser dito e muito a ser esclarecido, sem mentiras, sem treinamentos e sem inverdades. Eu estava sendo manipulada sem perceber”, disse

Investigação

Depois de ser indiciado pela Polícia Civil, o vereador também foi denunciado pelo Ministério Público do Rio pelo crime de tortura, contra a filha de uma ex-namorada. A pena prevista pode variar de 2 a 8 anos de prisão e pode ser aumentada em um sexto porque a vítima. Era uma criança. 

Em 8 de abril, Jairinho e Monique Medeiros foram presos temporariamente por serem suspeitos pela morte de Henry Borel em 8 de março, além da acusação de atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas do caso. 

A Polícia Civil afirmou que não vai ouvir novamente Monique e está à espera da perícia em celulares do casal para encerrar o inquérito e oferecer a denúncia ao Ministério Público. Jairinho e Monique Medeiros devem ser indiciados por homicídio duplamente qualificado, com uso de tortura e sem chance de defesa da vítima.  

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