Ex-Big Brother alemã é condenada por fazer saudação nazista em show

Melanie Müller, uma cantora e veterana de reality shows da TV alemã, foi sentenciada a pagar 80 mil euros de multa após ser filmada fazendo gesto proibido durante show no leste alemão.

Por Deutsche Welle

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Um tribunal de Leipzig sentenciou nesta sexta-feira (23/08) uma cantora e subcelebridade a pagar uma multa de 80 mil euros (R$ 490 mil). Melanie Müller, de 36 anos, foi considera culpada de fazer repetidamente a saudação nazista em público durante um show na cidade do leste alemão.

O gesto, assim como slogans da era nazista, é proibida na Alemanha, e sua exibição em público é normalmente enquadrada como crime de divulgação de símbolos de organizações inconstitucionais.

O episódio ocorreu em setembro de 2022, numa espécie de Oktoberfest organizada por um grupo de motociclistas local, que, segundo a imprensa alemã, tem laços com a cena de extrema direita. Müller se apresentou como cantora durante a festa.

Um vídeo divulgado à época pelo tabloide Bild mostra Müller estendendo o braço direito para o alto repetidamente e de maneira enérgica enquanto espectadores gritam em coro "Ost-Ost-Deutschland" ("Alemanha, Alemanha do Leste").

Outro vídeo mostra a cantora entoando repetidamente a gíria "Zicke" (um insulto semelhante à "vaca" em português), com os participantes do show devolvendo gritos de "Heil", num jogo de palavras com o antigo slogan nazista "Sieg Heil!". Nestas últimas imagens, diversos participantes também aparecem fazendo a saudação nazista.

Subcelebridade alemã

Nascida em 1988 na antiga Alemanha Oriental, Müller, nascida Melanie Blümer, é uma ex-atriz de filmes pornográficos que ganhou um status de subcelebridade na Alemanha a partir dos anos 2010 por participar de mais de uma dezena de reality shows, incluindo edições locais de The Bachelor e I'm a Celebrity...Get Me Out of Here!.

Em 2021, ela foi a vencedora do Promi Big Brother, uma versão alemã do reality Big Brother que envolve o confinamento de subcelebridades já estabelecidas.

Ela também gravou vários singles e se apresentava regularmente na Áustria, Suíça e Maiorca (ilha espanhola popular entre turistas alemães) como cantora de Schlager, um estilo de música pop alemão.

Julgamento

Apesar das alegações da defesa de que Müller não tem simpatias pela extrema direita e que o gesto no show seria apenas para animar o público, o juiz do caso, Lucas Findeisen, a considerou culpada de "exibir os símbolos de organizações inconstitucionais ou terroristas" ao proferir seu veredicto.

Müller também foi condenada por posse de cocaína e ecstasy. A multa de 80 mil euros excedeu em muito a penalidade de 5.700 euros solicitada inicialmente pelos promotores do caso.

Segundo o juiz do caso, Müller não apenas exibiu gestos proibidos, mas também incitou seu uso.

A cantora também alegava que as drogas encontradas em uma busca em seu apartamento pertenciam a um amigo, uma defesa que o tribunal também rejeitou.

Antes do julgamento, o advogado de Müller alegou que o noticiário negativo prejudicou a carreira de Müller e que ele esperava que uma absolvição ajudasse sua "cliente a recuperar sua posição [financeira] na Alemanha”. Ao ser questionada pelo juiz se tinha turnês marcadas, Müller respondeu: "Agora só tenho shows em Maiorca, todo o resto se foi".

Müller ainda pode apelar do veredicto.

jps (ots, dpa)

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