Alguns fabricantes de carros nos EUA monitoram quem os compra com sensores e internet. Ficam sabendo quantas vezes o motorista freou bruscamente, quantas andou em alta velocidade, quantas viagens fez, quantos minutos dirigiu… e, depois, vendem os dados para as companhias de seguro, que aumentam os preços para seus segurados, na maioria dos casos. O consumidor não fica sabendo que aceitou ser monitorado, porque, em geral, os vendedores não os informam.
O azar da GM foi ter vendido um Chevrolet Bolt para a repórter de tecnologia do New York Times, Kashmir Hill, que investiga as questões de privacidade em carros conectados, inclusive o dela. O artigo dela, publicado na terça-feira, é arrasador. O programa Smart Drive embutido em sua compra sem que ela soubesse, mesmo lendo as linhas com letras miúdas no pé do contrato, revelou que ela viajou 297 vezes, dirigiu 3.040 km, freou bruscamente 170 vezes e acelerou rapidamente 24 vezes, mas não ultrapassou limites de velocidade.
O dono de um Cadillac CTS-V, que o usava em pista de corridas, recebeu a conta de seu seguro com 5 mil dólares a mais. Ele não sabia que era um Smart Driver. A repórter Kashmir Hill foi ao seu revendedor para lhe perguntar onde estava a cláusula que teria assinado. Ele simplesmente aceitou a cláusula por ela. Foi depois à própria GM. O resultado inicial é a promessa de que os dados colhidos pelos sensores do carro não mais serão vendidos para as companhias de seguro. Mas o programa de monitoramento está em discussão. Ele serve para detectar problemas mecânicos que um carro está desenvolvendo e avisar o seu proprietário para ir a uma revendedora.