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Falta de oxigênio mata 7 pacientes asfixiados no Amazonas

Da Redação, com BandNews FM

Familiares de pacientes de Manaus correm para buscar oxigênio
Familiares de pacientes de Manaus correm para buscar oxigênio
Sandro Pereira/Folhapress

Sete pessoas morreram asfixiadas em Coari, no interior do Amazonas, na manhã desta terça-feira (19). Segundo a prefeitura do município, os pacientes vieram a óbito no Hospital Regional de Coari pela falta de oxigênio. As informações são de Maurício Max, da BandNews FM

Cerca de 40 cilindros chegaram às 7h desta terça ao hospital, mas o município só tinha oxigênio até 6h, ou seja, uma hora antes.

A Secretária de Saúde de Coari alegou em entrevista à BandNews FM que houve falha por parte do governo do Amazonas na distribuição dos cilindros de oxigênio, o que causou a morte de pacientes com coronavírus na cidade.

Francisnalva Rodrigues afirmou que o governo barrou a chegada de novos cilindros na cidade. Segundo ela, o município optou por fazer a compra por conta própria em maio. Contudo, em um primeiro momento, o Estado reteve cerca de 130 unidades para redistribuir na capital Manaus e não encaminhou a Coari para que a cidade tivesse uma reserva técnica. 

Além disso, a secretária afirmou que foram comprados cilindros emergenciais. Porém, para encher as unidades com oxigênio em uma das três usinas possíveis, o governo do Estado "disse que iria regular isso e colocou polícia" nas três empresas. Ou seja, Francisnalva alegou que não conseguiu abastecer a reserva técnica comprada como plano B depois da retenção de cilindros por parte do Estado. 

"Imagina que eu compro mais de 200 cilindros e coloco à disposição do município, o estado vem e retém 130. Depois, eu compro cilindros a mais para equipar a rede privada nas três usinas de gás que temos aqui. O que o governo fez: disse que ia regular e mandou a polícia militar. A PM estava na Carbox, na Nitron e também na White Martins, o que não me permitia comprar". 

O “plano C” foi encomendar cilindros de Belém. O lote chegou às 17h desta terça. Entretanto, de acordo com a secretária, o governo do Amazonas não enviou as unidades a Coari, sendo que seria o responsável pela logística. 
 
Emocionada, ela fez um desabafo: "Eu tenho toda a documentação, tudo que era possível fazer, todas as opções que eu dei pro estado, eles não cumpriram. É muito difícil fazer saúde no interior do Amazonas. Eu não consigo entender o que se passa na cabeça do governo do estado para reter cilindros de um município a 360 quilômetros de Manaus".

Já a Secretaria do Estado da Saúde do Amazonas (SES) não assume responsabilidade pelas mortes na cidade de Coari por falta de cilindros de oxigênio. Segundo o órgão, as mortes ocorreram por atraso na liberação de cilindros por parte da fornecedora (leia nota ao fim da matéria).

Leia a nota completa da SES:

A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas lamenta o ocorrido no município de Coari.  

A SES-AM informa que, por opção do município, o sistema de saúde na cidade é independente, sendo a gestão plena da Prefeitura Municipal. Ainda assim, o Governo do Estado nunca se furtou de auxiliar a administração local, entre outras coisas, com o fornecimento de oxigênio.

Nesta segunda-feira (18/01), por um atraso por parte da empresa White Martins em liberar os cilindros que seriam enviados de Manaus para Coari, não foi possível levar o oxigênio em voo direto, considerando que o aeroporto da cidade não opera à noite.

Para garantir que a cidade não ficasse desabastecida, por articulação da Secretaria de Estado de Saúde, os 40 cilindros foram enviados em voo para Tefé, para que de lá a carga fosse transportada de lancha para Coari.

A transferência dos cilindros de lancha para Coari foi alinhada com a cooperação da prefeitura de Tefé e, de acordo com a Secretaria Executiva Adjunta do Interior, da SES-AM (SEAI-SES/AM), houve um novo atraso na saída da lancha para Coari, o que contribuiu também para que a chegada do material não ocorresse no tempo necessário.

Entre repasses federais e estaduais para investimento em saúde em 2020, Coari recebeu R$ 17,8 milhões. Somente do FTI, foram R$ 2,3 milhões.

A SEAI-SES/AM destaca que nesse cenário de pandemia é fundamental a colaboração de todos os atores do Estado, inclusive dos gestores municipais.

O Estado do Amazonas segue empregando todos os esforços para equacionar a dificuldade de logística e de abastecimento de oxigênio da empresa White Martins. Ao mesmo tempo em que está unindo esforços para transportar cilindros de oxigênio para todo estado.

As entregas e envios seguem ocorrendo diariamente para os municípios do interior, seja por envio terrestre, aéreo ou em retirada pelos municípios na sede do patrimônio da SES, localizada na Central de Medicamentos.

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