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FHC critica 'trapalhada' de Bolsonaro com vacina e sugere que Lula não seja candidato

Aos 90 anos, o ex-presidente da República avalia o cenário político e aposta em "terceira via" centrista para as próximas eleições

Da Redação

Ex-presidente tucano avalia o cenário político brasileiro
Ex-presidente tucano avalia o cenário político brasileiro
Divulgação/Fernando Henrique Cardoso

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avalia o cenário político brasileiro em entrevista ao Canal Livre, que vai ao ar neste domingo (27), à meia-noite. O político que comandou o país entre 1995 e 2003 diz que procura não culpar um presidente por todos os problemas de uma nação, mas acredita que falta comando e sensibilidade em Jair Bolsonaro (sem partido) na gestão da pandemia.

"Já fui presidente e sou cuidadoso para não jogar a culpa no presidente. O caso do coronavírus, obviamente, é um vírus. Algumas pessoas pegariam de todo jeito. Mas a falta de cuidado parece ser grande. Ele fala e depois pensa. E isso é ruim porque a palavra do presidente tem um valor simbólico muito grande", reflete.

O Canal Livre com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vai ao ar neste domingo (27), 20h, no BandNews TV, e à meia-noite, logo após a NBA na Band. O programa tem apresentação de Rodolfo Schneider ao lado do jornalista Fernando Mitre e do cientista político Fernando Schüler.

FHC define o atraso da vacinação contra a covid-19 no Brasil como "trapalhada" e enxerga ausência de um "caminho consensual” por parte do governo federal no combate à doença. "Vão acusá-lo de várias responsabilidades, e algumas ele tem. Mas não adianta tapar o sol com a peneira, tem que enfrentar. Sei que é difícil e, por isso, não jogo mais uma pá de cal em cima", completa.

Filiado ao PSDB, o ex-presidente manifesta preocupação com o enfraquecimento do centro político e aponta partidarização do grupo. "Cada um vai para um lado. E também não pode ser um centro neutro. No Brasil, a desigualdade é grande, a pobreza é grande, o desemprego é grande. É preciso um centro que olhe para o povo", opina. Crítico de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, FHC espera que um candidato fora dos dois polos represente a "terceira via". 

Depois de tudo o que nós passamos, o bom seria que surgisse alguém que desse confiança ao Brasil.


Eleições presidenciais

"Da última vez, eu votei em branco. Espero que apareça um candidato que expresse um sentimento mais democrático e mais construtivo. Mas, se não houver isso, no Bolsonaro eu não voto", garante Fernando Henrique Cardoso.

Aos 90 anos, o ex-presidente acredita que o país está amortecido e perdeu vibração política. Para ele, Lula não é alternativa à Bolsonaro e apenas “mais do mesmo”.

Ele é uma pessoa inteligente, intuitiva. Mas, para ser franco, nós precisamos de gente jovem, que tenha energia.


"Lula é a repetição de uma fórmula que nós já conhecemos: o estado mais forte com muito apoio à iniciativa privada. Pode ser um caminho de crescimento, mas não é disso que o país precisa. Se eu fosse o Lula, não entraria em uma terceira candidatura", dispara.

Fernando Henrique Cardoso também fala sobre a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro nos casos envolvendo Lula na Operação Lava Jato. "Ele pode ter errado, pode ter exagerado, mas vejo que agora está na moda criticar o Moro. Não vejo razão para isso. A Lava Jato teve um papel importante no combate à corrupção. Acho que ele fez uma coisa inconveniente, que foi deixar de ser juiz para ser ministro. Acho que foi um erro dele", pondera.

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