Filé-mignon fica 17% mais barato e lidera como carne com maior queda de preço

Além do corte nobre do filé-mignon, outras peças de carne bovina ficaram mais baratas em 2023, como a alcatra e o contrafilé

Por Édrian Santos

No acumulado do ano, o filé-mignon foi a carne que ficou mais barata. A redução foi 16,95%, segundo dados divulgados, na última terça-feira (13), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da inflação oficial do país. Em agosto, as carnes em geral caíram 1,9%.

Nos primeiros oito meses do ano, a redução no preço das carnes foi de 9,65%. De todos os cortes, o filé-mignon foi o que ficou mais barato. Entre as regiões pesquisadas, a maior queda foi na Grande Belém (-20,30%). Na sequência, aparecem as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (-18,66%) e Curitiba (-13,71%).

O corte de carne bovina, dentre os pesquisados pelo IBGE, com a segunda maior redução foi a alcatra (-13,46%), seguido do contrafilé (11,77%) e da pá (10,50%). Abaixo, veja as variações completas acumuladas no ano:

  1. filé-mignon: -16,95%;
  2. alcatra: -13,46%;
  3. contrafilé: -11,77%;
  4. pá ou paleta bovina: -10,50%
  5. fígado: -10,15%;
  6. costela: -9,95%
  7. capa de filé: -9,70%;
  8. acém: -9,49%;
  9. picanha: -9,14%;
  10. patinho: -8,82%;
  11. peito: -8,73%;
  12. chã de dentro: -8,54%;
  13. lagarto comum: -8,38%;
  14. lagarto redondo: -8,31%;
  15. músculo: -7,41%;
  16. carne de porco: -4,65%;
  17. cupim: -4,13%;
  18. carne de carneiro: -0,40%.

6ª maior redução no grupo dos alimentos

Em comparação com todos os itens alimentícios, o filé-mignon apresenta a sexta maior redução de preço, atrás da cebola (-43,71%), laranja-baía (-36,14), óleo de soja (-28,86), abacate (-25,79), batata-inglesa (-19,33) e óleos e gorduras (-17,35).

Alimentos e bebidas mais baratos pelo 3º mês

Em agosto, os preços no grupo de alimentação e bebidas (-0,85) caíram pela terceira vez consecutiva. O IBGE explica que a redução se deve, principalmente, ao recuo nos preços da alimentação no domicílio para o mês. O arroz (1,14%) e frutas (0,49%), ao contrário, apresentaram alta.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, ficou em 0,23% em agosto. O acumulado do ano está em 3,23%. Nos últimos 12 meses, o indicador atingiu 4,61%.

O que explica a queda nos preços

A explicação para a queda nos preços se dá por uma série de fatores internos e externos. Nos últimos anos, o Brasil passou a exportar mais carne, sobretudo para a China, o que reduziu a oferta local em comparação à crescente demanda. A pandemia também foi um fator importante para a alta dos preços, segundo explicou o economista Fernando Galvão em entrevista à Band.

“O Brasil é o país que mais vendeu carne para a China, entre carne bovina, suína. Quando isso acontece, os produtores brasileiros priorizam vender para o exterior, para a China. De certa forma, reduz a oferta de carne no Brasil. Isso gerou uma alta expressiva nos preços das carnes por vários anos seguidos. Foi 2020, 2021, 2022, inclusive no período que coincide com a pandemia no mundo”, disse o especialista.

O setor começou a investir mais na produção de carne, justamente para ter um retorno devido às exportações, mas a China reduziu a importação brasileira. Acontece, também, que o desemprego e endividamento causado pela pandemia retraiu o consumo, o que aumentou a oferta no Brasil, o que forçou a queda dos preços.

“Então, nesse momento, você tem um aumento na oferta de carne interno, mas uma queda na demanda. As pessoas, lá atrás, deixaram de comorar carne porque ficou muito caro. Então, o mercado vai se reajustando. Como tem mais oferta e menos compra, esse movimento levou a uma gradativa redução nos preços, sobretudo a partir do começo do ano”, continuou Galvão.

Somado a isso, nos últimos meses, os custos caíram para os produtores em razão dos preços das sacas de soja e milho, matéria-prima para a produção de ração para suínos, aves e bovinos.

“A gente está percebendo uma queda nos custos de produção, principalmente de ração animal. A queda no preço da saca da soja, do milho barateia o custo de produção, logo, os produtores conseguem repassar a carne a um valor mais baixo”, concluiu o economista.

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