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Flávio Dino: Bolsonaro não vai conseguir, mas vai tentar golpe de Estado

Governador do Maranhão vê tentativa de 'deslegitimação das instituições por dentro'

Da Redação, com BandNews TV

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), acredita que existe a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentar um golpe de Estado.

Em entrevista nesta quarta-feira (23) ao programa Ponto a Ponto, apresentado por Monica Bergamo e Antonio Lavareda na BandNews TV, Dino explicou crer que um eventual golpe teria apoio de determinados setores das Forças Armadas. Para o governador maranhense, o presidente da República busca deslegitimar instituições “por dentro”.

“A história brasileira, infelizmente, não autoriza um pensamento mais otimista quanto ao ethos legalista das Forças Armadas. Desde sempre, no Brasil, houve, infelizmente, essa presença exacerbada do fator militar na vida institucional civil, a chamada tutela militar”, argumentou.

“(Os militares) podem ser levados a uma aventura, sim. Não todas as Forças Armadas, todos os militares, mas setores podem, sim, aderir a este intento inconstitucional, golpista, a outros setores sociais que hoje são muito atraídos por essa visão belicista, militarista, que o Bolsonaro representa. Vejo um golpismo processual, que busca a deslegitimação das instituições por dentro, que pode - dependendo a conjuntura - levar até a uma tentativa aberta de golpe.”

Até aqui, segundo Dino, Bolsonaro protagonizou “um catálogo inesgotável” de crimes à frente da Presidência da República - em especial, ao acusar sem provas fraudes nas eleições de 2018. Segundo o governador, a lista de Bolsonaro inclui crimes de responsabilidade e improbidade administrativa.

O discurso faria parte, ainda de acordo com o governador, de uma tentativa de desorganizar o processo eleitoral. E, em última instância, tentar o já citado golpe de Estado.

“O Bolsonaro não pode ter uma disputa eleitoral em condições normais. Ele sabe disso (…). Qual é o objetivo disso? Ele não tem prova alguma (de fraudes eleitorais). O objetivo dele é apenas tumultuar para tentar vencer as eleições no grito, na marra, na violência. Ou, se perder, o que eu considero a hipótese mais provável, ter uma narrativa ou mesmo fazer uma virada de mesa”, afirmou.

“Ele vai ter um encontro marcado com vários tribunais ao longo dos próximos anos. Pela pandemia, por essas acusações, e pelo golpe de Estado que ele vai tentar fazer. Não vai conseguir, mas vai tentar”, acredita.

Lula, ‘uma solução’ contra Bolsonaro

Diante de pesquisas que apontam para uma disputa entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2022, Flávio Dino acredita na possibilidade de que partidos de esquerda se unam em busca de alianças. No entanto, para o maranhense, a prioridade é negociar com a sociedade.

“Mais importante que a legenda A, B ou C é você dialogar com o centro na sociedade. As pessoas que não têm uma posição pré-determinada, de alinhamento ideológico. Isso corresponde ao pensamento médio, sem dúvida, da maioria da população. Mesmo que haja, de um ponto de vista partidário, uma frente eventualmente mais estreita, é preciso ter amplitude programática – ou seja, falar para além dos muros da esquerda, com programa de governo atualizado, moderno, que dê conta inclusive de questões novas”, argumentou.

Para Dino, existe apenas “uma remota chance” de que Lula fique fora da disputa presidencial em 2022 para apoiar outros nomes da esquerda. Este cenário com o petista na corrida seria, inclusive, “uma solução” contra Bolsonaro.

“Não me parece ser a hipótese mais provável não termos o ex-presidente Lula nas urnas em 2022. Creio que, por sua autoridade, sua trajetória, sua liderança, o mais provável é que ele esteja entre os candidatos. E não vejo nisso um problema”, disse, indo além.

“Acho que, inclusive, nesse momento, é uma solução. Ele pode ser um indutor desta frente política ampla capaz de derrotar o Bolsonaro e impedir um golpe de Estado. Porque, se o Bolsonaro puder dar um golpe de Estado, ele dará, sem dúvida alguma.”

CPI da Pandemia

Flavio Dino avaliou a atuação da CPI da Pandemia e projetou avanços contra o que descreveu como uma “máfia da cloroquina”.

“Havia interesses poderosos, inclusive de ordem financeira. Houve gente que ganhou dinheiro. Esta máfia da cloroquina ainda vai ser integralmente revelada. E outras máfias que atuaram nesta crise. Em várias instâncias de poder, inclusive na esfera federal”, analisou.

Diante do cenário atual da pandemia do novo coronavírus no Brasil, Dino previu meses difíceis pela frente.

“O Brasil ainda vai sofrer três ou quatro meses difíceis, em termos nacionais. A realidade epidemiológica no Maranhão é pouco diferente – nós temos a menor taxa de mortalidade por 100 mil habitantes. Já estamos, na minha ótica, ultrapassando a chamada terceira onda”, disse.

“Mas, em termos nacionais, creio que ainda teremos meses bem difíceis pela frente, com um declínio mais adiante”, completou.

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