
Na hora de buscar um emprego, quem nunca fez um “rage applying”? Ou até fez um “quiet quitting” daquele trabalho que não gosta? No campo do amor, provavelmente você já passou por um “orbiting” ou até um “benching” com algum “contatinho”. Se os termos pareceram um código a ser decifrado, há grandes chances de você não ser da geração Z.
Formada por jovens nascidos do meio dos anos 90 até 2010, a geração Z está chegando à vida adulta agora, causando conflitos, choques e abalando estruturas tanto da sociedade, quanto do mercado de trabalho e até a forma de se comunicar.
Na internet, não são raras as vezes que pessoas de outras gerações, como millennials, questionarem comportamentos, gírias e expressões dos “zennials”.
Para o especialista em geração Z e fundador da Criaz, Erick Sales, as críticas com as novas gírias são mais um dos conflitos com as gerações anteriores, nascidas antes de 1995. “Sempre que um novo termo desse surge no mercado, as outras gerações entram em polvorosa. A Gen Z tem um histórico de ser vocal e autocentrada, menos receptiva para situações que até então eram comuns”, afirma.
Se tem dúvidas sobre o significado de alguns termos, como os citados acima, a Band reuniu um pequeno “dicionário da geração Z” para você não ser “cringe” e poder se sair bem em uma conversa com os zennials.
FOMO e JOMO
Popularizada nas redes sociais, FOMO e JOMO são termos antagônicos. O primeiro significa “Fear Of Missing Out”, ou medo de perder algo. “Ela descreve aquela ansiedade de quando perdemos algum evento ou processo, como uma festa”, diz Erick.
Já JOMO é o contrário, é “Joy Of Missing Out”, ou alegria de perder algo. “É aquela satisfação de não estar incluído em uma situação”, explica o especialista.
TLC, PPRT, JSS e Old
Apesar dos termos parecerem códigos, eles são apenas abreviações de expressões e palavras conhecidas, para uso nas redes sociais. Como o “bj” e “sdds” para “beijo” e “saudade”, criadas pelos millennials com a popularização da internet nos últimos anos.
TLC, segundo Erick, significa “Tá Louco”. Já PPRT é “Papo Reto”, muitas vezes usado ou para questionar ou afirmar algo. “Old”, por sua vez, seria uma gíria para confirmar algo. “Ela foi nascida no meio LGBTQIAPN+ digital, como se fosse um claro, ou óbvio”, diz Erick.
Já JSS, muitas vezes usada como expressão de intensidade, seria uma abreviação de “Jesus”. Em uma frase, ela poderia ser aplicada assim: “Que situação horrível, jss”.
Orbiting, Benching e Love Bombing
Também trazidas dos Estados Unidos e popularizadas nas redes sociais, os termos são usados no campo amoroso. Nas relações da geração Z, a internet é crucial para um flerte, sendo protagonista na vida de solteiros e comprometidos.
Orbiting, termo que ganhou espaço nos últimos anos, é quando a pessoa deixa de se envolver com alguém, mas segue acompanhando as redes sociais. “É o famoso visitar perfil de ex”, brinca Erick. Na prática, muitas vezes é aquela pessoa que curte suas publicações, reage em stories, mas não dá o próximo passo na paquera ou começa uma conversa, fica “orbitando” como a Lua orbita a Terra.
Já Benching vem de “colocar no banco de reservas”, como no futebol e outros esportes. “É quando se mantém contato com alguém para ter a opção, ela não é a primeira escolha e você não tem intenção de um relacionamento”, pontua Erick.
Love Bombing, ou “bombardeio de amor”, por sua vez, é quando “dão atenção e carinho demais no início da paquera”. Muitas vezes, segundo Erick, é uma maneira de manipulação emocional para pressionar quem recebe o amor a se comprometer em uma relação.
“Todos são termos criados para acenar a situações tóxicas que vivenciamos na vida amorosa, mas podem acontecer em outros gêneros de relação”, cita Erick.
Lazy Girl Job, Rage Applying e Quiet Quitting
O mercado de trabalho também foi inundado por termos da geração Z. Marcadas pelo estereótipo de não levarem o campo profissional muito a sério, que não têm habilidades interpessoais e até são “folgados”, as pessoas da geração também cunharam algumas expressões e atitudes que surpreenderam pessoas mais velhas.
É o caso do Lazy Girl Job. Popularizada no Tik Tok para “empregos fáceis”, o trabalho de garota preguiçosa é aquele onde tem um bom salário e que a pessoa pode trabalhar pouco e ser bem recompensada. “Por um lado, não é sobre preguiça, mas sim sobre o desejo da Gen Z por trabalhos flexíveis que permitam entregar resultados sem comprometer a saúde mental”, diz Erick.
Já o Rage Applying, até quem não é da geração Z deve ter passado. A “aplicação raivosa” é o ato de buscar outro emprego só de raiva, ou buscar diversas vagas de forma intensa. “Muitas vezes a pessoa está empregada e procura trabalhos quando algum conflito ocorre no trabalho. Nada mais é do que colaboradores desengajados buscando novas oportunidades com espaços de trabalho mais saudáveis”, afirma o especialista.
Para quem se acostumou nesse universo, pode parecer frescura, mas nada mais é do que reivindicar novas relações corporativas - Erick Sales.
Delulu
Variação da palavra “delusional”, delirante em português, o termo ficou famoso nas redes sociais nos últimos anos. A expressão é usada para falar de pessoas excessivamente positivas, que veem o lado bom em situações ruins.
“É normal ouvir "Delulu é a solulu" que significa ‘Delirar é a solução’”, afirma Erick. A expressão também é usada para aquelas pessoas idealistas de forma exagerada, ou que acreditam que podem influenciar a vida pela força de vontade, ou pensamento.