Fumacê: o que é e por que falta desse inseticida no Brasil é preocupante

Insumo para produzir inseticida que mata o mosquito da dengue está em falta no mundo; saiba por que situação é um problema

Da redação

O fumacê, como é conhecido o inseticida que é borrifado no ar nas cidades brasileiras para matar o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika, está em falta no estoque do Ministério da Saúde. Saiba mais no vídeo acima.

A falta mundial do insumo que produz a substância que mata o Aedes aegypti na fase adulta atrasou o repasse do órgão aos estados desde o ano passado, segundo informações de reportagem do Estadão.

Segundo nota da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses, um dos inseticidas usados no fumacê deve ser recebido pela pasta até 17 de abril, para ser distribuído aos estados e município.  

Por conta da escassez global do produto, a nota também informou que optaram por adquirir um segundo produto, para não depender de um único fornecedor.  

No caso desta compra, mesmo que haja a aprovação em caráter de emergência pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a distribuição para os estados levará mais de 60 dias. 

O motivo do prazo é porque se trata de uma entrega internacional, de acordo com o comunicado.

De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins e Santa Catarina são os quatro estados em que a situação é mais preocupante.

Em São Paulo, a Secretaria de Saúde e Meio Ambiente do estado autorizou a comprar emergencial do inseticida, em quantidade para pronto-atendimento a todo estado, segundo publicação no Diário Oficial.  

A emergência se justifica pelo aumento de dengue e chikungunya no Estado. Os patamares estão similares aos de 2022, quando o estado foi classificado em alto risco para as doenças.

Em janeiro e fevereiro deste ano, o Brasil teve alta de 46% nos casos de dengue. De chikungunya, o aumento foi de 142%, se comparado com os dois primeiros meses do ano passado.  

Para que serve o fumacê?

Também chamado de nebulização espacial, é uma forma de aplicar inseticida para combater a forma adulta do Aedes aegypti, que causa dengue, chikungunya e zika vírus.

Um carro do poder público passa nas áreas de foco e borrifa o produto através da técnica UBV, sigla que significa Ultra Baixo Volume. Neste ano, o Ministério da Saúde adquiriu o Cielo UVL, que é composto de praletina e imidacloprida.  

O malathion, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que causa câncer em animais, não é mais utilizado. 

Ainda assim, o uso indiscriminado do fumacê pode matar insetos polinizadores, como abelhas e borboletas, e causar desequilíbrio no meio ambiente.  

Qual é a eficácia do fumacê?

O fumacê tem eficiência limitada, porque só consegue atingir insetos adultos que estiverem em voo no momento da pulverização, informa nota técnica do Ministério da Saúde publicada em 2020.  

Além disso, o mosquito transmissor da dengue costuma viver dentro dos domicílios, o que dificulta que ele seja atingido pelo inseticida. É necessário que portas e janelas estejam abertas no momento da aplicação.

A efetividade também depende do clima, da habilidade do operador, da condição dos equipamentos, entre outros fatores.

Mesmo diante de ótima condições, a pulverização espacial não é capaz de eliminar todos insetos adultos do vetor, e a população residual do mosquito pode ainda ser suficiente para manter a transmissão, informa a nota.

Por isso, o fumacê é considerado uma medida emergencial, para locais de proliferação descontrolada do mosquito e onde haja alta de casos e óbitos da doença. 

A principal forma de combater o inseto é evitando água parada, para impedir que a larva chegue na forma adulta.

Como se prevenir contra a dengue, chikungunya e zika

Confira orientações do Ministério da Saúde:

  • Não deixar água acumulada;
  • Destinar de maneira correta o lixo e outros resíduos;
  • Cobrir caixas d'água;
  • Utilizar areia nos vasos de plantas;
  • Deixar garrafas e outros recipientes de cabeça para baixo;
  • Retirar a água dos pneus e reservá-los em ambientes protegidos.

O Ministério da Saúde orienta ainda que, mesmo em lugares que necessitem de armazenamento de água, como as caixas d’água, é importante não deixar os reservatórios destampados.

Em caso de sintomas similares aos da dengue, chikungunya e zika vírus, procure a unidade de saúde mais próxima e consulte um médico.

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