Um dossiê produzido pela INA (Indigenistas Associados-Associação de Servidores da Funai) e o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) aponta uma militarização da Fundação Nacional do Índio durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o levantamento, apenas duas das 39 Coordenações Regionais da Funai são chefiadas por servidores públicos. Nas demais coordenações, a situação é: 19 delas coordenadas por oficiais das Forças Armadas; três por policiais militares; duas por policiais federais; e o restante, na condição de servidores substitutos ou sem vínculo com a administração pública.
No alto escalão, a diretoria da Funei tem dois policiais, um militar e o presidente, Marcelo Xavier, que também é policial.
O documento é divulgado em meio à indignação das organizações a respeito do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian.
O relatório aponta ainda um aumento expressivo de processos administrativos disciplinares, levando vários funcionários a reduzir seu tempo para as tarefas dos indigenistas que são convocados a dedicar-se a duas ou mesmo três comissões simultâneas.
"Soma-se isso ao fato de pouquíssimos recursos chegarem às ações finalísticas da Funai (aquelas destinadas às ações nos territórios indígenas, com equipes de servidores especializados)", diz o relatório.
No último relatório do órgão, em 2020, mostra que havia mais cargos vagos na autarquia (2.300 vagas) do que profissionais em atuação (2.071 profissionais, sendo 1.717 funcionários efetivos) – um esvaziamento inversamente proporcional ao crescimento da população indígena do País na mesma época.