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Gamescom: maior feira de games da Europa tem Brasil como parceiro

País é convidado da Gamescom 2023, na Alemanha, onde estará representado por quase 60 empresas. Evento de jogos eletrônicos reúne mais de 1.200 expositores internacionais e deve atrair centenas de milhares de gamers.

Por Deutsche Welle

Sob o slogan "games de qualidade internacional", a Gamescom, maior evento de games da Europa, abre suas portas ao mundo nesta quarta-feira (23/08) em Colônia. Mais de 1.220 expositores de 63 países exibem seus novos produtos em uma área de 230 mil metros quadrados a um ávido público, que poderá testar em primeira mão jogos ainda por estrear no mercado.

"A Gamescom deste ano é, mais do que nunca, um retrato da cultura internacional de games: dinâmica, internacional, criativa, multifacetada e enorme", afirma Felix Falk, CEO da associação alemã do ramo de games, que é uma das organizadoras da feira.

Que a feira tenha voltado a acontecer neste ano não era uma obviedade: a E3 (Electronic Entertainment Expo), em Los Angeles, que por décadas foi o mais importante evento da área de jogos eletrônicos, não é retomada desde a pandemia – várias empresas testaram durante esse período o lançamento de jogos por live stream, e desde então formatos como o "Nintendo Direct", "State of Play", "Xbox Games Showcase", "State of Unreal" ou "Ubisoft Forward" se consolidaram no mercado.

Diante deste novo cenário, eventos em formato presencial deixaram de ser estritamente necessários às estratégias de promoção de fabricantes e publishers. A cooperação com streamers permitiu às empresas atingir diretamente seu público-alvo – e gastando menos do que teriam que desembolsar com a produção extra de uma versão demo e uma turnê internacional para promover o produto em feiras do ramo. É por isso que nomes de peso como Sony Interactive Entertainment (Playstation), Electronic Arts ("EA Sports FC 24"), Epic Games ("Fortnite"), Take Two ("Grand Theft Auto") e Activision Blizzard ("Call of Duty") não participam da Gamescom.

Brasil representado por quase 60 empresas

O Brasil é o primeiro país latino-americano a figurar como parceiro oficial da Gamescom – sua indústria nacional de games, concentrada especialmente no ramo de jogos de computador e mobile, registrou crescimento acentuado nos últimos anos; há mais de mil empresas no setor atualmente – eram 133 em 2014 –, empregando cerca de 13,2 mil pessoas e voltadas cada vez mais ao mercado internacional, graças às vias de distribuição digital.

Segundo o relatório "Brazil: Game Industry Report 2022", mais da metade dos estúdios nacionais sobrevive por conta própria, sem ajuda de subsídios estatais e com recursos dos próprios empresários, familiares, amigos e investidores. É por este motivo que não há grandes jogos brasileiros representados no evento – os chamados jogos AAA, blockbusters do mundo gamer como "Elden Ring" ou "Hogwarts Legacy", têm custos de desenvolvimento de pelo menos 100 milhões de dólares. Esses orçamentos estão longe da realidade dos estúdios brasileiros, que produzem majoritariamente jogos indie – ou alternativos –, frequentemente em gráficos de pixels ou em estilo comic.

A delegação brasileira que estará na Gamescom é composta por quase 60 estúdios que apresentarão jogos de gêneros variados: horror, ritmo, roleplay, jump&run em 2D e o excêntrico e cozy simulador "Gaucho and the Grassland". Este último deve agradar ao público alemão, que gosta de jogos de simulação – não à toa, o "Landwirtschaft-Simulator" também está representado no evento.

Já grandes exibidores como Bandai Namco Entertainment ("Armored Core 6: Fires of Rubicon", "Naruto x Boruto: Ultimate Ninja Storm Connections"), Microsoft ("Cyberpunk 2077: Phantom Liberty", "Forza Motorsport", "Immortals of Aveum", "Payday 3", "S.T.A.L.K.E.R. 2", "Starfield") e Nintendo ("Prince of Persia: The Lost Crown") devem oferecer uma prévia de seus próximos lançamentos.

Jogos indie devem surpreender

A visita à Arena Indie da Gamescom vale a pena para os visitantes interessados em conhecer jogos desenvolvidos por pequenos estúdios independentes – os tais jogos indies, ou alternativos. Ali, visitantes poderão testar os games e conversar diretamente com os desenvolvedores. A atmosfera é íntima e há ideias criativas surpreendentes.

Enquanto na área retrô da Gamescom é possível mergulhar na história dos jogos eletrônicos e celebrar bons e velhos clássicos como o "Pacman", a vila cosplay é o ponto de encontro para os fãs da arte performática, e o evento deve sediar ainda um campeonato de e-sports.

Na terça, noite que antecede a abertura da Gamescom, acontece a tradicional Opening Night Live (ONL), live de abertura com trailers e revelações de gameplay, bem como conversas com desenvolvedores. A sessão será apresentada pelo canadense e jornalista de jogos eletrônicos Geoff Keighley.

Ministro alemão estará no evento

Vice-chanceler e ministro da Economia alemão, Robert Habeck fará a abertura oficial da Gamescom – a pasta subsidia o desenvolvimento de jogos eletrônicos e organiza um prêmio no segmento, o Deutscher Computerspielpreis. O apoio ao desenvolvimento de jogos para PC é um tema relevante para a Alemanha, que tenta concorrer com gigantes nos Estados Unidos, Canadá e França.

Não é à toa que o país, assim como o Brasil, não tem nenhum jogo na categoria AAA – apesar de o governo alemão apoiar o setor com 50 milhões de euros por ano. Entre os fatores que afetam a competitividade da indústria alemã no ramo estão os altos custos salariais, os altos impostos e a falta de desenvolvedores de jogos – o mercado emprega atualmente cerca de 12 mil deles.

Apesar das dificuldades, para empresários alemães a Gamescom é uma boa oportunidade de apresentar seus jogos a um público internacional – que, mesmo sendo de menor porte, gozam de prestígio internacional. Exemplos promissores são a aventura pirata "Shadow Gambit: The Cursed Crew", dos mesmo criadores de "Desperados 3", e o jogo de detetive "The Darkest Files", que consiste no esclarecimento de crimes nazistas.

Autor: Kristina Reymann-Schneider

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