O governo federal adiou o lançamento do Auxílio Brasil, que estava previsto para a tarde desta terça-feira (19), no Palácio do Planalto, após reação negativa do mercado financeiro, principalmente com a forma do financiamento do novo programa social.
O valor do benefício defendido pelo presidente Bolsonaro é R$ 400. A reformulação do programa aumentará o número de beneficiados para cerca de 17 milhões de famílias, com previsão de pagamento a partir de novembro.
O Palácio do Planalto trabalha em uma engenharia financeira complexa para chegar aos R$ 400: R$ 220 do Bolsa Família e R$ 80 reais de gasto temporário do Tesouro Nacional. O restante é contabilizado como despesa decorrente da pandemia e fora do teto de gastos, totalizando R$ 84,7 milhões - sendo R$ 32 bilhões além do limite de despesas do governo. O programa valeria até dezembro do ano que vem.
O lançamento viria após a área política do Planalto pressionar para a prorrogação do Auxílio Emergencial. Ministros chegaram a limpar a agenda para o anúncio do Auxílio Brasil, mas a reação negativa do mercado, com queda na bolsa e alta do dólar, além da reclamação da equipe econômica, forçaram o adiamento. O ministro Paulo Guedes ainda tenta convencer Bolsonaro a cumprir o teto. Irritados, integrantes da equipe econômica ameaçam pedir demissão.
Ministros políticos fazem pressão. João Roma, ministro da Cidadania, e Ciro Nogueira, da Casa Civil, se reuniram com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL), para discutir a proposta de substituição do Bolsa Família. Saíram ao final da tarde desta terça, ainda sem uma definição.
De acordo com a colunista de economia da BandNews FM Juliana Rosa, a falta de responsabilidade do Congresso com as contas públicas deixou o mercado financeiro tenso, o que causou má reação. O Ibovespa fechou em queda de 3,28%, enquanto o dólar subiu 1,33%, fechando a R$ 5,59 - a maior cotação desde 15 de abril.
Vídeo: Juliana Rosa analisa reação do mercado com o Auxílio Brasil
O governo ainda busca uma saída para financiar o novo programa, já que a votação da PEC dos Precatórios foi adiada na Comissão Especial da Câmara e a Reforma do Imposto de Renda ainda não foi discutida no Senado.
O programa social é visto como forma de elevar a popularidade de Jair Bolsonaro que, com cerca de um ano para as eleições presidenciais, perdeu apoio de muitas frentes populares.